quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Apenas ótimo..


Da pra entender a confusão que uma banda como o Radiohead causa.

Uma banda de rock que trocou hits como Creep e High and Dry por sons eletrônicos, estranhos, difíceis de serem digeridos numa primeira audição.
Que trocou a melodia sentimental de uma Fake Plastic Trees por músicas literalmente e conscientemente sem melodia nenhuma.
Que se arriscou para chegar ao auge do sucesso de crítica e de público para depois experimentar um caminho completamente diferente e ainda mais arriscado.

Mas provavelmente a principal confusão que uma banda como o Radiohead causa é:
Como uma banda tão alternativa, tão estranha, tão fora dos padrões, conseguiu fazer de um simples lançamento o maior evento musical deste começo de ano

Saiu na semana passada, apenas uma semana após ser anunciado pela própria banda, o álbum The King of Limbs, o oitavo dos ingleses.

Discutido à exaustão Internet afora, pauta de matérias de capa dos principais jornais e sites do mundo, alvo de especulações, teorias conspiratórias, opiniões incendiárias, trocas de ofenças entre os fãs..
Poucas vezes um lançamento foi tão comentado, não só pela mídia, mas também pelo público.
Mas será que o disco realmente merece tanto barulho?

E é quando você percebe que, nesse cenário todo, a música é o que menos importa.

Nada define melhor essa histería do que cair no clichê e dizer que o Radiohead se tornou maior do que sua própria música.
Desde o lançamento do segundo álbum, o The Bends, a banda se tornou unanimidade entre a chamada "crítica especializada". Quanto mais estranho, quanto mais experimental, quanto mais esquizofrênico o som do grupo se tornasse, mais ele era aplaudida. Quanto mais diferente, melhor. Todo álbum desde então é considerado um novo clássico.
O Radiohead parece ter se tornado à prova de balas, à prova de críticas. Criticar o Radiohead é correr o risco de tornar-se um pária musical, e ninguém quer correr esse risco. Dizer que o Radiohead não acerta sempre é um sacrilégio, uma afronta, um desrespeito.

Mas eu sou obrigado a dizer.
Não, o Radiohead não acerta sempre.

O que não significa que The King of Limbs seja um álbum ruim.

E ele começa bem, com as dançantes (ao estilo Radiohead, claro) Bloom e Morning Mr Magpie, emendando a levemente esquizofrênica Little by Little. Feral é apenas batida e barulhos, montando clima para o ótimo primeiro single Lotus Flower. Segue a lenta e um tanto quanto arrastada Codex e a acustica Give Up the Ghost, para então fechar o álbum com Separator, talvez a melhor entre as oito faixas, provando que a banda se sai melhor quando consegue equilibrar a própria estranheza com algo mais digestível, guitarras colocadas no lugar certo e uma melodia definida.

Mas a real falha deste novo álbum não está no que é apresentado, e sim no que falta.
Falta guitarra. Falta pegada. Falta sentimento. Falta música. Falta os momentos de "normalidade" que a banda sempre soube administrar tão bem nos trabalhos anteriores.
Tudo parece abstrato demais, mesmo para os padrões firmados pela banda.
Isso da uma cara "menor" às músicas, como se fosse uma coleção dos últimos Lados-B da grupo e não um álbum propriamente dito.
Ao fim dos 38 minutos, fica a incômoda sensação de que estávamos esperando mais.

O fato é que fomos mal acostumados, tanto pelo histórico da própria banda quanto pela crítica, a sempre esperar uma obra-prima a cada lançamento do Radiohead.
Dessa maneira, um álbum que é "apenas" ótimo acaba se tornando decepcionante.

A principal teoria (não confirmada pela banda) é que essas oito faixas lançadas são apenas a primeira metade do real The King of Limbs.
Mas seja apenas uma parte do todo ou não, o álbum como foi lançado é sim um ótimo álbum, principalmente depois de algumas audições.

Um ótimo álbum de B-sides, mas ainda assim um ótimo álbum.

Longe de pertencer ao limbo, The King of Limbs constata que, musicalmente ou não, o Radiohead se mantém como a maior e mais comentada banda de rock do nosso tempo, e prova que, mesmo depois de tanta estranheza, ainda tem muito mais o que mostrar.
Afinal, é como diz uma linha de Separator, como um aviso:

If you think this is over
Then you’re wrong


Eu estarei esperando pelo próximo evento.

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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Tudo sobre nada.

Eu não sei o que escrever para vocês...
De verdade, não me sinto com nenhuma banda na manga para indicar... não tenho nenhuma história batuta para contar... minha cabeça dói como fazia tempo que não doía.
Aposto que foi o fato de ter assistido Jersey Shore ontem, deve ter fritado meu cérebro. Não tenho culpa que aquela merda é engraçada. Eles são toscos, beleza... mas e daí? Tanta gente tosca por aí, pelo menos eles são espertos e ganham dinheiro com isso. Aliás, eles são menos pau no cu do que parecem.

Eu comecei a achá-los engraçados no vídeo do Michael Cera tentando se transformar em um deles, porque eles são muito simpáticos com ele.



E eu e o Brancatelli que estavamos vendo que o post do 'forever alone' ganhou mais de mil visitas?
Aí decobrimos que escrever tags populares faz muitas pessoas entrarem sem querer aqui e fica parecendo que NÓS somos muitos populares.
Se escrever 'forever alone' gerou mais de mil visitas, imagina escrevendo: sexo, lésbicas, pornô, grátis.
Pronto, depois desse post serei o novo fenomeno de visitas.
Próxima semana uma foto minha nua.
q/
HAHAHAHAHA Mentiiiira.

Hoje fui tomar milk-shake 'cas amigue' e na hora de embora percebi que a forma de se despedir mais sincera que pode existir no nosso grupo de amigos é "te vejo mais tarde no Tumblr". Sério.
"Te ligo mais tarde", "a gente se fala", "vamos fazer algo essa semana"... Nada disso é mais verdadeiro que "te vejo mais tarde no Tumblr".

Pois é.
Agora tô vendo minhas gatas brincando-duelando. Como se fosse a coisa mais legal do mundo. Para mim, nem tanto... mas para elas deve ser. Ou não, já que não durou muito. Uma cansou e falou "beleza, vou dormir".

Eu que não entendi porque as pessoas comparam o Andrew Garfield com o Bambi... Não sei, dou risada das montagens, mas não captei o contexto. Será por causa de todo clima 'bromance' que tem no A Rede Social?

Filme que acho que não merece ter mais espaço nas premiações que A Origem. Affe. Como assim...? Brancatelli vai discordar, porque ele virou 'redesocial whore', mas caramba! Cadê os prêmios do Nolan? Santa injustiça, Batman! Batman, interpretado pelo Christian Bale, que acho que vai ganhar Oscar. Eu não vi o filme, mas acho ele um ator fudido.

E agora que no Tumblr tem o meme das princesas hipsters? Muito bom.


Vocês deviam passar mais tempo no Tumblr, gente. Esse negócio de vida social não tá com nada.

Essa é minha recomendação... Keep calm and make a tumblr.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Feito Pra Acabar


No ano passado meu irmão mandou eu escutar uma música, que segundo ele era fantástica.
A música, gravada do programa Ronca Ronca, da Oi FM, se chamava "Dia a Dia, Lado a Lado", de um tal Marcelo Jeneci e da revelação musical Tulipa Ruiz. No site que meu irmão mandou, aquilo foi descrito como "histórico" para a rádio nacional, um momento único para a música brasileira.
Com toda a expectativa criada, escutei a tal música. Uma, duas, três vezes. Quatro. Cinco. Seis, sete, oito. Nove, dez vezes..

Foi quando me peguei viciado, sem conseguir parar aquele looping musical.

Verdade seja dita, é uma música simples, com uma letra sem grandes atrativos, uma melodia gostosa mas muitas vezes repetitiva.

E nada disso era o bastante para estragar aquele momento.
Histórico, único, seja o que for, aquilo era perfeito demais pra ser descrito.

Você pode escuta-la clicando AQUI pra entender melhor o que eu quero dizer..

Foi com esse momento na minha cabeça que eu escutei, no começo da semana, o Feito Pra Acabar, estréia do Jeneci em um álbum solo, depois de servir como multinstrumentista de apoio do Chico César e trabalhar em parcerias com gente como Vanessa da Mata e Arnaldo Antunes, lançado no final do ano passado.
Tudo para constatar que eu estava ouvindo em 2011 o provável grande lançamento nacional de 2010!

Feito Pra Acabar é uma delícia.

Com uma inocência e beleza raras, é daqueles discos que conquistam na primeira audição.
Tem falhas, claro, mas os acertos são tantos que compensam individualmente cada erro.
As letras mais ingênuas ganham impacto na interpretação de Jeneci e principalmente da cantora Laura Lavieri, grande descoberta do compositor que marca presença em quase todas as faixas. As melodias mais simples e repetitivas ganham a produção perfeita e criativa do músico Alexandre Kassin, que usa aqui tudo o que aprendeu em projetos como o +2, a Orquestra Imperial e o Los Hermanos. Isso sem contar os arranjos, que com uma cara falsamente simples fazem de cada música um momento especial.

As letras simples são o grande trunfo, que direcionam para as melodias muito bem elaboradas.
O que parece é que o método de composição foi o mais intuitivo possível, como na primeira faixa, "Felicidade", e nas deliciosas "Pra Sonhar" e "Por Que Nós?", por exemplo. "Quarto de Dormir" tem um início tão lindo que chega até a doer, para então ver o cantor personificando uma espécie de Roberto Carlos. Ecos da Jovem Guarda aparecem também no hino "Show de Estrelas" e na simplesmente genial "Dar-te-ei", que me deixou com um sorriso bobo no rosto por um bom tempo. O músico também evoca um momento meio Mutantes em "Pense Duas Vezes Antes de Esquecer", com a letra mais doída do CD. Sem contar a forte faixa que da o nome e fecha o álbum, "Feito pra Acabar", e a divertidíssima "Copo d'Água", que você já canta junto logo no segundo refrão.

O que surpreende nessa estréia (quer dizer, uma das coisas) é a corrente artística que Marcelo Jeneci formou nesses anos de carreira. As composições, quase todas parcerias, são assinadas por gente como Chico César, Luiz Tatit, José Miguel Wisnik e Arnaldo Antunes. A banda conta com nomes como Edgard Scandurra, Curumin, Bruno Buarque e o próprio Kassin.
Apenas uma constatação da aposta que se tornou Marcelo Jeneci, que acaba se concretizando com este álbum.


Poucos álbuns conseguem cobrir sem esforço uma expectativa tão alta.
Marcelo Jeneci parece ter descoberto a fórmula do sucesso, com melodias muito bem pensadas embalando letras simples, sinceras e, muitas vezes, até inocentes.
Música de qualidade capaz de atingir tanto a crítica especializada quanto o público mais popular, base de toda sua influência musical.

Com Feito pra Acabar, Jeneci fez a coisa mais difícil de se fazer quando se trata de apostas tão altas.

Concretiza-las.

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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Look at your life, look at your choices...

Terça mais uma primavera da minha vida será deixada para trás e eu chegarei naquela idade em que os meninos costumam ser zombados.

Farei 24 anos.

Como em todo aniversário, entro num fase pré-aniversário chamada "Look at your life, look at your choices". Não é bem uma crise, é só uma reavaliação do que fiz até aqui, do que deu certo e errado, de como eu quero ser no futuro.

Eu, de verdade, não sei exatamente quem sou e que lugar que ocupo no universo.
Eu sou aquela filha que não dá muito trabalho, mas também não faz muito confete para questões familiares... não é o comportamento comum de uma caçula, eu sei, mas acabei saindo assim.

Sou aquela irmã que vai estar aqui quando precisarem, mas que raramente vai em busca de ajuda fraternal.

Sou aquela amiga que tenta se desdobrar por todos os amigos e de vez em quando fica meio frescolina e distribuí 'eu te amo' para quem gosta, mas que os amigos não sabem como ela é carente deles. E que sem eles, a vida dela não faria muito sentido.

Mas... eu mesma, Renata por Renata, ainda não sei quem sou. Sei que queria ser melhor do que sou, porque tenho a eterna sensação de não ser o suficiente... Para mim e para o mundo.
Eu sei menos do que queria saber, tenho menos talento do que queria ter, sou menos bonita do que queria ser, me esforço menos do que queria me esforçar...
Todo ano essa é a única conclusão que sempre chego.

Acho que no fim das contas isso é bom, pior seria me acomodar e dizer "ai kralio, ahazei to ótima" e parar de me esforçar para ser alguém melhor.

Não sei, não sei nem o que estou falando direito.
Sei que os 24 anos chegaram, não fiz metade do que queria ter feito, mas fui bem além do que poderia ter sido.

Espero que quando chegue aos 25, eu esteja igualmente insatisfeita e ainda queira mais, só que tenha mais vitórias no bolso para serem superadas.

Anyway, amanhã é o grande dia e toda essa auto-análise vai ficar para trás. Essa Renata filosófica vê vocês em 365 dias. ;)

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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

É Confete Demais?


Saiu ontem o single novo do Strokes.
E independente de ser bom ou ruim, o que eu mais vi foi gente perguntando por que tanto confete pruma simples música.
Vou tentar explicar por aqui, com uma frase simples e direta:

O Strokes foi a coisa mais importante surgida no cenário musical desde o Nirvana.

Isso não é questão de gosto musical.
A música seria muito diferente hoje se não fosse aquele primeiro (e fantástico) disco da banda, o Is This It, de exatos 10 anos atrás. Foi ele que deu o pontapé inicial para que o indie se tornasse o que o rock psicodélico e o punk foram nos anos 70, ou o que o heavy metal e o hard rock foram nos anos 80, ou o que o grunge foi por boa parte dos anos 90.
Nascido como "a salvação do rock" sem ter a pretensão de salvar coisa nenhuma, o Strokes levou para o chamado mainstream o som de garagem, sujo, com cara de mal-produzido, que acabou influenciando meio mundo que veio depois deles e fez do chamado indie o som mais ouvido por qualquer jovem roqueiro. Mais que isso, ditou toda uma moda adotada por seus seguidores.
Cabelo, roupa, música, atitude, o Strokes personificou e globalizou tudo isso.

É por isso que, 5 anos depois do seu último álbum lançado, o novo álbum - Angles - é tão esperado.
Como nenhuma outra banda dos últimos 10 anos, o Strokes é reverenciado por toda uma geração, a banda que deu o pontapé inicial para tudo aquilo que veio depois.
E com toda razão.

E quanto ao single..

Ao que tudo indica, a espera valeu a pena.
Under Cover of Darkness é tudo aquilo que os fãs esperavam. Rápida, direta, crua em toda sua aparência, gritada, dançante, com uma letra pessoal, guitarras frenéticas, bateria empolgante e um baixo que dita todo o ritmo.
Uma sonoridade que mistura os 3 álbuns anteriores e até o álbum solo do Julian Casablancas. Um amálgama de Last Nite com I Can't Win e a maturidade do último CD.
É tudo igual e tudo diferente.
E é tudo muito bom!

O Strokes volta com a antiga aura de "a salvação do rock", mas com uma responsabilidade muito, muito maior.
Dar aos fãs um trabalho que faça jus ao nome da banda e aos anos de espera.

Se depender deste primeiro passo, eles estão no caminho certo.

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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ouvir ou não ouvir, eis a questão?




Eu passei os últimos tempos tentando não pensar no assunto e nem criar expectativa. Olha, se tem coisas que são difíceis para mim é não pensar em algo e não criar expectativas.

Do que estou falando? Estou falando da tão aguardada/temida/demorada volta do The Strokes.

Depois de toda uma sensação de remake do 'Chinese Democracy', onde muito se falava sobre uma volta, mas nada de fato acontecia, eles finalmente entraram em estúdio.
Daí parece que gravaram, estavam produzindo, foram ouvir e pensaram "Affeeee, que isso?" e resolveram fazer tudo de novo.
Depois toda uma sensação e até comentários da banda de que o clima entre eles não era o mais amigável... Toda essa coisa foi criando um bolo no meu estômago e um medo do que poderia sair.

Possíveis capas, nomes e datas saíram e eu tentei não pensar sobre o assunto. Mas agora tinha um sample da música escolhida como single.

...
E agora?
Escuto ou não escuto?

Entenda, não era uma fã desnaturada e sim uma fã assustada. O Strokes foi a banda que fez um twist no meu gosto musical, que me abriu para novos estilos de música e que embalou noites e noites de reflexão sobre a vida com suas letras. Eles conseguiram ter 3 albuns ótimos, um diferente do outro, mas ÓTIMOS! Cada um tem uma estilo, mas o mais importante é que, você consegue ver Strokes em cada um deles...
Meu medo era que acontecesse, como com o Arctic Monkeys... não me leve a mal, o Humbug é ótimo, mas eu não escuto Arctic Monkeys, eu escuto uma banda diferente... e isso me fez perder um pouco da paixão. Mas isso não pode acontecer com Strokes! Não com eles... Eles são importantes demais para mim!

Bom, engoli o medo e escutei. São só 30 segundos. 30 segundos do primeiro single que se chamará "Under Cover of Darkness".
Ok... respira... aperta o play...


...

Todo o medo me abandonou e se transformou em alegria.
São 30 segundos inexplicavelmente ótimos!

Isso me acalma, mas por outro lado... me faz começar a criar expectativas.
A verdade é que teremos que esperar até março para descobrir se meu mundo entra em colapso ou se eu posso voltar a ser feliz tendo mais Strokes na vida.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A Terça-Feira dos Vampiros


O público lotou, ainda que lenta e timidamente, o Via Funchal nessa terça-feira.
Desfilando seus modelitos milimetricamente hipsters, com as músicas na ponta da língua e energia de sobra para dançar a noite toda.
A bem-vinda ausência da área VIP permitiu que os fãs se aglomerassem à frente do palco, ansiosos para assistir uma das bandas mais celebradas do chamado "cenário indie", e os mais animados já pulavam ao som que o esquizofrênico DJ tocava, de "Alagados" do Paralamas a "Nosso Sonho" do Claudinho e Buchecha.

Ainda assim, mesmo com o clima de jogo ganho, o Vampire Weekend ainda tinha um desafio nada fácil pela frente, o mesmo que deve encontrar a cada apresentação que faz:
Mostrar, ao vivo, cada textura, cada mistura e cada camada das suas músicas gravadas em estúdio. Violinos, percussão, piano, corais, tudo ao mesmo tempo, coisa demais para apenas quatro garotos.


E afinal, Brancatrolha, eles conseguiram?

Hmm, em parte.


Pela primeira vez em terras paulistanas após um show no festival MECA, em Porto Alegre (e sobre o qual você pode ler clicando AQUI), a banda abriu o show com a energética Holiday, já convidando todo o público pular. E foi o que o público fez.
O que se viu depois, na falta de um termo melhor, foi uma grande micareta!
Como se ainda precisasse conquistar o público, o Vampire Weekend interagiu com o público o show inteiro, comandando o "backing vocal" da platéia em hits como Cape Cod Kwassa, M79, Cousins, A-Punk e Oxford Comma.
Isso sem contar Giving Up the Gun, provavelmente a melhor música ao vivo da noite.
Pelas minhas contas, a banda só não tocou Taxi Cab e The Kids Don't Stand A Chance, mas que podiam muito bem ter sido encaixadas, já que o show durou cerca de 1h10, que ainda passaram voando.


Ah, mas então o show foi foda, né?!

Bom, sim e não.


Ok, foi um bom show sim. A banda é ótima, as músicas são ótimas.
Mas ouvir as músicas ao vivo, sem toda a produção que as músicas tiveram no álbum.. acaba ficando uma sensação de que faltou algo.
Várias músicas são tocadas em cima de bases prontas, por conta da percussão complexa. Instrumentos são dublados pelo sintetizador do teclado, músicas ficam mais lentas do que deveriam ser. E em meio a tanto som artificial, alguns instrumentos acabavam ofuscados durante certos momentos. A bateria perdia o poder, o teclado perdia o tempo. Casos raros, mas que aconteceram.

Na minha humilde opinião, o Vampire Weekend é uma das melhores coisas surgidas no cenário musical nos últimos anos. A mistura entre afropop, Peter Gabriel, rock, ska, Paul Simon, reggaeton, batidas tribais e punk (e mais um monte de coisa) é um ponto de originalidade em meio a tanta mesmice, um tipo de música corajosa e criativa que, por sua qualidade, conseguiu sair de Nova York (antro da mistura e diversificação) e alcançar o mundo.
Mas esse show, por mais divertido que tenha sido, me provou que eles são uma banda de estúdio perfeita, quando eles podem inventar e misturar o que eles quiserem.. só que no palco a situação acaba sendo bem diferente.

O show do Vampire Weekend é exclusivamente para os fãs.
A banda só conseguirá atingir a maturidade quando as qualidades criadas em estúdio não se tornarem as falhas em cima do palco.

Ainda assim, difícil achar um só fã que não saiu do Via Funchal com um sorriso nos lábios.

Inclusive eu.

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