segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Lembranças e Tradições


Era sempre a mesma coisa.

Todo ano, na semana do dia 25 de dezembro, eu ia com meus pais e meu irmão para Águas de Lindóia, passar o Natal com meus tios e avós.
A casa dos meus avós era grande, quintal pra jogar bola, piscina, não tinha lugar mais divertido no mundo.
Mesmo depois que meu avô morreu, era pra la que eu ia, era la que eu passava boa parte das minhas férias. Muitas vezes só eu, minha vó e meu tio. Lembro que eu acordava as 6 da manhã, tomava café e saia a pé em direção à banca de jornal comprar minhas revistas em quadrinhos. Na volta, eu enfrentava uma subida interminável até enfim poder deitar esticado no sofá pra assistir desenho animado. De tarde, depois do almoço, eu ia pela cidade com meu tio num fusca barulhento (o Oscarzinho), e a rotina era sempre a mesma: depois do meu tio fazer o que tinha que fazer, a gente jogava sinuca na rodoviária e depois passava na padaria, onde ele sempre me comprava uma Ruffles e uma latinha de Coca. Aí era jantar, TV, partidas de buraco e depois eu ficava lendo e ouvindo música, deitado na cama no quarto da minha avó, até o sono chegar.

Ah, mas o Natal era especial pra gente.

Noite do dia 24, família toda reunida, arrumada. Na sala ficavam vários potes com amendoins e salgadinhos, e eu assistia ao filme que estivesse passando antes da ceia começar (por algum motivo, sempre passava O Exterminador do Futuro 2). Daí depois eu comia até o botão da minha calça pular pra fora e esperava ansioso até que todo mundo já estivesse satisfeito pra que pudesse começar o grande momento da noite: a entrega dos presentes.
E era então que minha noite estava feita.

Isso durou cerca de 17 anos.

Em 2003 (ou 2004, a data me foge agora), minha vó foi internada.
O que eu lembro é da visita no hospital, quando pela primeira vez eu vi ela tão pequena, tão frágil. A situação inimaginável que, hora ou outra, acaba chegando. E você precisa segurar seu coração pra mante-lo no peito.
Mas ela saiu daquela cama de hospital, ainda que mais fraquinha, mais cansada. E apesar de estar bem, não daria pra manter a casa de Águas de Lindóia. E ela e meu tio se mudaram pra um pequeno apartamento em Serra Negra.

Ainda assim a tradição continuou.
Iamos para la, mas ficávamos só do dia 24 pro dia 25. Não importava, o que importava era estar la. De noite, jantávamos na casa da minha tia-avó e trocávamos presentes. A rotina parecia a mesma, ainda que em um cenário diferente.
Mas não importava. O que importava estava la, como sempre esteve.
E eu não podia pedir por mais nada.

Neste ano eu não vou pra Serra Negra.
Nem pra Águas de Lindóia.
Minha avó não aguenta mais a empolgação de uma noite de Natal, não aguenta grandes refeições de noite, não aguenta esperar acordada pela troca de presentes. A idade pesa cada vez mais no corpo, ainda que a cabeça se recuse a admitir.

E, mais uma vez, eu me deparo com a inevitalidade de que minha vó não estará pra sempre por aqui.

As lembranças são facas de dois gumes.
Lembrar da felicidade que era passar um mês inteiro de férias em Águas de Lindóia me machuca. Lembrar de como era gostoso sentar na mesa de jantar, só eu, minha vó e meu tio, conversando sobre qualquer bobagem, me abre uma ferida grande no peito, e me tira o ar, e enche os meus olhos de lágrimas que eu tento segurar. Saber que isso só existirá na minha memória me obriga a ver que, talvez, o melhor da minha vida já tenha passado sem eu me dar conta.

Mas, ao mesmo tempo, percebo que a dor no peito é só meu coração batendo mais rápido. E que a perda de ar é um suspiro alegre pelo que eu vivi. E que a maior parte das lágrimas não são de tristeza.

Neste ano, vou passar o Natal aqui em casa, mesmo.
Mas eu sei que, ainda que longe, meus tios e meus avós vão estar comigo.
Porque a lembrança que eu tenho eles também têm, e sei que eles vão se agarrar a ela como eu me agarro à minha.
E sentados à mesa da ceia, eles estarão todos do meu lado, como sempre estiveram.

A mesma rotina.
Apenas um cenário diferente.

Quem sabe eu até alugo Exterminador do Futuro 2...


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Aviso


Por motivo de saúde hoje não haverá post meu aqui.
Voltem na quinta que tenho certeza que o Brancatelli terá um post bacanudo para vocês.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Retorno de Carl Barât


Mesmo com todo o sucesso dos Beatles, John Lennon costumava dizer que sua maior frustração era sempre estar musicalmente em segundo plano se comparado com Paul.
Dizia ele que, por mais que se esforçasse, toda a atenção do público e da crítica acabava se destinando às melodias e letras românticas do parceiro, a quem também eram reservados todos os "lados A" do grupo.
Durante toda a trajetória dos Beatles, a John se limitava o posto de "roqueiro rebelde", em contraste humilhante ao "gênio" McCartney.
Ainda assim, sem se deixar dominar pelos estereótipos impostos, Lennon criou em sua carreira solo obras como Imagine, Mother, Mind Games, Jealous Guy, Woman e mais uma porrada de músicas que foram devidamente reconhecidas com o tempo.

Carl Barât, essa é a sua vida!

Posso dizer sem sombra de dúvidas que Carl não é um músico tão talentoso quanto seu companheiro de Libertines, Pete Doherty.
Também posso dar certeza de que Carl não um letrista tão bom.
E muito menos tem metade do carisma do ex/atual parceiro.
Tudo isso ele provou nos álbuns da sua banda pós-Libertines, o Dirty Pretty Things.

Assim, torna-se imensamente difícil entender como o seu primeiro trabalho solo consegue ser tão BOM!!

Aposentando a parede de guitarras elétricas das duas bandas anteriores, o álbum - chamado simplesmente Carl Barât - finalmente mostra um compositor mais melódico, mais hábil em matéria de ritmo e mudanças rítmicas, com letras mais elaboradas em músicas que podem até ser chamadas de retrógradas para o que estamos acostumados a ouvir dele.
Se desprendendo do peso forçado que sempre teimava em colocar nas suas músicas, ele finalmente consegue se concentrar na harmonia entre todos os instrumentos, alterando até seu próprio vocal para algo menos forçado.
Músicas como as divertidas She's Something e Run With the Boys, a balada So Long, My Lover, a aparentemente minimalista What Have I Done, a soturna e instrumentalmente dramática The Fall ou a "radioheadlistica" e melancólica Shadows Falls apresentam um domínio que o Carl de antigamente nunca conseguiu apresentar.
No lugar das guitarras altas, da pose roqueira e da crueza forçada, uma sutileza rara nos músicos de hoje.

Confesso que não esperava nada deste álbum, ainda com a mentalidade deste post antigo que eu escrevi.
Talvez por isso essa uma das melhores surpresas do ano.

Continuo com a certeza de que Carl Barât não é tão bom músico quanto Pete Doherty, nem tão bom letrista, ou mesmo tão carismático.
Ainda assim, conseguiu criar um trabalho solo que supera com louvor o trabalho solo do seu companheiro.
E isso deve dizer muito!

Que venham os seus próximos trabalhos.
E que seja um melhor que o outro.

Quem foi que mandou elevar tanto as expectativas..?

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domingo, 12 de dezembro de 2010

Weekend List


Ombro vermelho.
Vodca importada com Tang de limão.
Maiô roxo.
Ralado na perna causado por uma carreira de goleira que durou 5 minutos.
Carne semi-fria.
Piscina.
Bois com dever espiritual.
Marilia Gabriela.
Trânsito.
Remédio para enxaqueca novo.
Ótimos episódios de séries.
Supernatural.
Dexter.
Misfits.
Reality show de drag queens.
Sala varrida.
Coca gelada.
Língua de gato, o chocolate.
Gato, de verdade, dormindo na minha cabeça.
Presente de natal para os gatos.
Pão duro que corta o céu da boca.
Ventilador de teto.
Limão com sal.

fim de semana.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Rede Social


Mark Zuckenberg é um babaca!
Dispensado pela namorada, ele se vinga escrevendo ofensas a ela em seu blog e cria o "FaceMash", um site para que os estudantes de Harvard possam comparar e votar nas garotas mais bonitas da faculdade.
Depois ele se apropria da idéia de dois irmãos e cria o "The Facebook", um site de relacionamentos inicialmente exclusivo para alunos de Harvard.
Ofuscado por amizades suspeitas, ele acaba por trair o co-criador do Facebook e também seu melhor (e único) amigo, por inveja ou apenas por maldade.
Um verdadeiro babaca!

Os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss são dois babacas!
Com a idéia de um site de relacionamentos exclusivo para alunos de Harvard, os dois elitistas membros do grupo de remo da faculdade arrogantemente pedem a ajuda de Zuckerberg no desenvolvimento do projeto. Desprezando os irmãos, ele usa a idéia como base, a aprimora e põe no ar sua própria visão do site.
Com o orgulho ferido, os gêmeos Winklevoss o acusam de roubar sua idéia.
Dois legítimos babacas!

Sean Parker é um babaca!
Criador falido e frustrado do Napster, ele se aproxima de Zuckerberg por puro oportunismo, o incentiva a tirar seu melhor (e único) amigo dos negócios e abocanha cerca de 7% das ações milionárias do novo site, tudo isso para ser preso por posse de cocaína.
Provavelmente o maior dos babacas!

Eduardo Saverin é um babaca!
Com dinheiro de sobra e bom-senso de menos, ele acaba confiando cegamente em seu melhor amigo Zuckerberg e investe sua grana no projeto "The Facebook", apenas para ser traído e expulso às vésperas do site alcançar a marca de um milhão de usuários.
Um coitado, mas ainda assim um babaca!


É assim, apresentando apenas personagens babacas (e, por esse motivo, tão humanos) que o filme A Rede Social consegue contar a novela da criação e ascensão do maior entre todos os sites de relacionamentos, o Facebook, sem assumir nenhum dos lados da história.
Esse é provavelmente o maior mérito do longa dirigido pelo (foda) David Fincher e roteirizado pelo (gênio) Aaron Sorkin... e estamos falando de um filme cheio de méritos.

Começando pelos atores.
Jesse Eisenberg, na pele do próprio Zuckerberg, surpreende em um papel mais sério e complexo. Impressionante o que ele consegue dizer apenas com o olhar, independente (ou com a soma) do seu tom de voz ou gestos corporais. Ele apresenta um cara que olha a todos de cima, catalogando o grau de inferioridade de cada um, sejam colegas de faculdade, empresários ou advogados, ciente da sua própria genialidade e "superioridade". Por mais odiável, o cinismo e o sarcasmo de Eisenberg acabam por criar uma certa simpatia por parte do público.
Depois temos Andrew Garfield no papel de Saverin, que da o tom exato de ingênuidade que seu personagem pede, o que torna ainda mais surpreendente seus momentos de descontrole. Dizem que foi por esse papel que ele conquistou a vaga de novo Homem-Aranha, por "roubar cada cena que aparece". Difícil negar essa afirmação.
Mas a maior surpresa é Justin Timberlake, que desaparece completamente ao encarnar Sean Parker. Ainda que mantenha sua aura "pop-star" (o que aliás é de total importância para o personagem), aqui ele se prova um ator completo, conseguindo tornar até simpático um cara tão insuportável quando o que interpreta.

A história também é boa demais, assim como todos seus personagens.
Por ela já era até simples prever o sucesso do filme: amizades, traições, jovens se tornando bilionários por causa de uma idéia hoje tão óbvia.
O engraçado é perceber que a garota que da o fora em Zuckerberg logo nos primeiros minutos de filme e se torna sua obsessão eterna provavelmente nunca existiu. Ela já foi desmentida pelo próprio Zuckerberg. Ainda assim, o roteirista Aaron Sorkin faz dela a chave para se tentar entender o comportamento do protagonista, talvez por ele próprio não conseguir entender. Ou para mostrar que, mesmo sendo uma história real, não se deve levar o filme como 100% verídico. Fato comprovado pela declaração de Sorkin, que disse que seu compromisso não era com a realidade, e sim com o roteiro.
Its all about a girl..

O Facebook é a alegoria do relacionamento entre as pessoas hoje.
As amizades estão cada vez mais virtuais, nos comunicamos por e-mails, scraps, mensagens de celular. Conhecemos a vida do outro lendo seus tweets e olhando seu status na tela do computador. Conversamos por MSN, SMS, DM, MP. Abreviamos palavras por pura preguiça ou apenas por tendência.
E seria hipocrisia e ignorância afirmar que isso é bom ou ruim!
A impessoalidade, ironicamente, está sendo marca registrada da nossa evolução.

Fica a impressão de que Mark Zuckerberg é um cara que só quer ter amigos, mas é sempre boicotado por sua completa falta de jeito para relações sociais.
E é exatamente esse cara que cria a maior rede social do mundo.

A ironia é palpável..

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domingo, 5 de dezembro de 2010

corday kd tempo de escrever


Inspiração... cadê?

Faz tanto tempo que eu não consigo escrever um texto do qual tenho orgulho ou que eu tenha passado um bom tempo pensando nele.
É sempre tudo na última hora, às vezes até na madrugada de domingo para segunda...
Eu não me orgulho disso.

Antes eu pensava a semana toda em um assunto, pesquisava a fundo na internet, ficava um bom tempo escolhendo a imagem perfeita... O que aconteceu?

Virei adulta.

Não, escrever não é coisa de criança, longe disso... mas ser adulta me obriga a trabalhar todos os dias umas 11hrs por dia, ou mais.
Crescer me faz ter que quando chego em casa, cuidar das contas ou organizar a vida.
Crescer me fez parar de ter tempo de fazer uma das coisas que eu mais amo... escrever.

Aí quando me sobra um tempo, acabo escolhendo passar com os amigos, já que né? Vida social é bom, de vez enquando.
Ainda se eu tivesse insônia, dava para passar a madrugada escrevendo. Mas não, sofro exatamente do oposto, excesso de sono.

Saudade de terminar de escrever algo com um sorriso no rosto, muita saudade.

Portanto, minhas resoluções ainda não escritas para 2011 já ganharam a primeira coisa:
- Ler e escrever mais (MUITO MAIS).

Já que eu não posso ser uma pessoa afortunada o suficiente para viver de escrever, vou ter que arrumar mais espaço para isso na minha vida como hobbie.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Os Fabulosos Killjoys


Gerard Way é um roteirista de quadrinhos.
Formado na Escola de Artes Visuais de New York, ele já ganhou um Eisner Award - o prêmio máximo da indústria de HQs - com a série The Umbrella Academy, criada em parceria com o desenhista brazuca Gabriel Bá. Os dois arcos lançados já são leitura obrigatória, recomendados inclusive por um dos maiores gênios do meio, Grant Morrison. Ah, e também por mim.
Sua nova série de quadrinhos, intitulada The True Lives of the Fabulous Killjoys, foi anunciada na ComicCon 2009. Desde então, nenhum outro detalhe foi divulgado.

Ah sim, Gerard Way também tem uma banda de rock, chamada My Chemical Romance.

Agora, o My Chemical Romance lança seu 4º álbum de estúdio, após o sucesso do insanamente sensacional The Black Parade (do qual eu já falei neste ótemo post AQUÊ!).
O nome do álbum: Danger Days: The True Lives of the Fabulous Killjoys.
E é onde o Gerard músico se mistura de maneira praticamente celular ao Gerard roteirista.

Num mundo kafkaniano em 2019, os Killjoys são um grupo de foras-da-lei, lutando contra mega-corporações malignas e vivendo à margem da sociedade, sem nenhuma esperança de vitória e apenas adiando o destino certo: a morte.
É nesse universo que Danger Days se situa, como uma seleção das músicas que tocariam em uma rádio pirata, comandada pelo DJ auto-denominado Dr. Death Defying.
Essa é a impressão ao ouvir o álbum. Como se fossem várias bandas diferentes em um mesmo contexto.

Esqueça a imagem "emo" dos álbuns anteriores da banda, maquiagens, melancolia e vocais teatrais, isso não existe aqui.
O que existe é apenas o rock, seja o punk (em pérolas como no genial primeiro single "Na Na Na", na acelerada "Party Poison" e na empolgante e crua "Vampire Money"), o épico (as grandiosas "The Only Hope for Me Is You" e "Save Yourself, I'll Hold Them Back") e até o dançante (na faixa "Planetary (GO!)", provavelmente a coisa mais diferente e interessante que o MCR já gravou). Sobra ainda referências a Beastie Boys, Rage Against the Machine (na pesada "DESTROYA") e algo próximo do Keane (na balada "Summertime").
Em cada música uma pegada completamente diferente da anterior.
Cada música, uma banda completamente diferente.

Voltando ao mundo nerd dos quadrinhos, podemos até tentar comparar este novo álbum com o trabalho anterior.
The Black Parade, com seus temas sobre câncer, arrependimentos e morte em uma história poética e direta, se encaixa em uma HQ autoral, filosófica, com cores pesadas e sombrias, criada para fazer seu leitor pensar e refletir sobre a vida e o fim dela.
Danger Days, com sua aparente despretensão e a impressão de que a banda só quis enfim se divertir, está mais para uma história de super-heróis, colorida e explosiva, que você lê, pensa "noooossa, que foda!" e esquece todo o mundo ao seu redor.
Dois estilos diferentes. E que, por isso mesmo, é impossível decidir qual dos dois é melhor.

A impressão é de que o My Chemical Romance pegou tudo o que aprendeu nos quase 10 anos de banda e criou essa obra.
Grandiosa, pesada, melódica, inteligente, criativa, legitimamente punk.

E principalmente muito, muito divertida!!!

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domingo, 28 de novembro de 2010

Misfits


Eu não estava interessada nessa série, mesmo quando disseram que agradaria oa fãs de Skins. Ainda menos interessada quando eu ouvi que era um misto de Skins com Heroes. E ainda meeeeeeeeeenos quando eu via no Tumblr as imagens de um personagem babaca (desculpa, não consigo parar de ter raiva dele).

Depois de alguns amigos começarem a ver, resolvi dar uma chance.
Decisão acertada. Quase desisti no primeiro ep... o tal personagem irritante tava tirando toda minha vontade de ver aquilo, mas logo vi que ele apanhava e se ferrava bastante... isso me deu um ânimo...

Episódio após episódio fui ganhando personagens favoritos (claaaaaaro que meu preferido é o maluco, tem nem como ter dúvida) e fui vendo que resumir a série em "misto de Skins com Heroes" é maldade.

Garotos e garotas são mandados para fazer serviço comunitário, cada um com um motivo diferente e personalidades destoantes. Um tempestade. Tudo muda. Cada um ganha um poder, não necessarimente poderes para salvar o mundo, até porque... o que eles querem mesmo é salvar a própria pele.

Com temporadas de poucos episódios (acho ótimo) Misfits tem conquistado mais e mais telespectadores (principalmente usuários do Tumblr hahaha) e com mérito.

Então siga a recomendação TCF Series: Assista Misfits (se possível vire fã do Simon e queira que o Nathan apanhe bastante).

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Aquele fim de semana...


[Já que o Brancatelli postou segunda, aqui estou eu... Renatinha, em pessoa... ou quase... escrevendo]

Aquele fim de semana já anunciava ser inesquecível... e não deixou a desejar.

Sexta, encerrei minhas atividade na Riot e fui ver a primeira parte do Harry Potter e as Relíquias da Morte (em português é assim? ainda não acostumei... hahaha).
Eu fui para aquele cinema com o coração na mão, eu sabia que eu não teria como segurar as lágrimas naquele filme...
1) Porque é quase o fim de uma das coisas mais importantes da minha vida. O fim definitivo, sem volta... Porque quando acabou o livro, meu coração ainda sabia que tinham os filmes. Mas agora, só falta 1 parte para o fim de Harry Potter.
Não eu que não vá reler e rever esses filmes até o fim da minha vida né? Porque vou...
2) A morte de um personagem que eu amo do fundo do coração... a cada minuto que se aproximava da cena, eu ficava mais e mais angustiada... com vontade de sair do cinema e não ver aquilo.

Esse filme foi um dos menos decepcionantes como fã dos livros, de verdade. Meus parabéns e agradecimentos para o David Yates por não ter transformado esse filme em uma decepção.
Fiquei sabendo que algumas coisas na parte 2 são diferentes do livro, mas se ele soube situar tão bem quanto nesse, estarei satisfeita.
Mas não sei se o filme é tanto para não-fãs e sei que definitivamente não é para quem escolheu ele para começar... Você tem que entender muito do passado e até ter referências do livro para enteder 100% daquilo e não se incomodar com as partes mais paradas.

O grande destaque de atuação é para o Rupert Grint (e não tem nenhuma relação com meu amor pelo Rony, por ruivos e pelo Rupert). Ele, que desde o primeiro filme mostrava ser talentoso para brincadeiras e parecer atrapalhado, mostrou um Rony com mais profundidade... exatamente do jeito que deveria ser nessa parte da história.
[E o Brancatelli vai vir falar da Emma Watson, só porque acha ela bonita... mas a atuação dela é bem morna...]

Bom, saí dali pensando que nada naquele fim de semana poderia se comparar...
ha ha ha

Tarde de sábado, rumei para o Planeta Terra... mesmo sabendo que eu veria o Phoenix, uma banda que eu adoro, não estava muito animada.
Cheguei, encontrei os amigos, dei uma volta, ri das roupas dos hipsters...

Comecei meu festival com Of Montreal... Aquele banda que eu esperava quase nada e arrasou. Um cara de saia de bailarina e meia calça lilás subiu no palco e colocou todo mundo para dançar com a luz do dia ainda brilhando.
Pessoas fantasiadas, efeitos psicodélicos no telão... Of Montreal foi uma grata surpresa.

Depois veio Mika... Que show... que cara... que fierce... que flawlessness... Ele manda no palco, de verdade. Manda na voz, manda no público...
Foi um show animado, como eu esperava... dançante, como eu esperava.. e inesquecível, como eu esperava...

Mas o que eu não esperava era me divertir tanto com o Phoneix.
Apesar de serem conhecidos por músicas que normalmente tocam na balada, minha visão deles era de uma banda bem mais parada. Eu nunca fui atrás para ver vídeos deles ao vivo e ter essa noção. Acho que simplesmente me pareciam uma banda que não traria muito amor.
Mas trouxe.
Em 2007, o Phoenix fez um show aqui e o vocalista Thomas, descreveu como decepcionante.
A maioria das pessoas não os conheciam, portanto a interação com o público deve ter sido quase 0.
Nesse show, era nítida a alegria de Thomas... A cara coro do público ele sorria, incrédulo... chegando a dizer "Thanks for being so many". Tocaram muitas músicas boas e até a minha favorita, mas senti falta de mais repertório dos albuns antigos... Ok, era turnê do último album, mas mesmo assim... era meu primeiro show deles.

E foi logo depois disso que acabou meu Terra... sem interesse algum em Pavement e Smashing Sumpkins, nem tão pouco nas bandas do Indie Stage... comendo um Hot Pocket nojento e passando mal por causa da enxaqueca. Tive minha vida salva pelo Vitinho que me trouxe sã e salva para casa.
Eu gostei de ser no Playcenter, mas gostava mais da localização anterior do festival. MUITO melhor para se locomover.
E Hot Pocket para comer? Really? Que nojo.

É, mas o gran finale era domingo...
Mas não tenho muito mais a acrescentar sem repetir as palavras do Brancatelli...
O show do Paul McCartney foi épico, único,... sem palavras.
Paul sempre foi meu Beatle preferido e nesse show ele só reafirmou isso. Mostrando que além de um músico fenomenal, ele é uma pessoa fenomenal...
Chorei em diversas músicas e nas que não chorei, meu coração batia acelerado pensando que eu não acreditava que estava vendo aquilo ao vivo... cantando junto com ele... eu, Renata Vieira, cantei Hey Jude junto com o Paul McCartney.
Eu não pude ver os Beatles, mas pude ver O Beatle.

domingo, 21 de novembro de 2010

Histórico


(por falta de tempo, a Renatinha não pode postar hoje... então, assim em cima da hora, espero conseguir passar pra vocês como foi minha noite de domingo)

Eu nunca assistirei a um show dos Beatles.

Essa é a frustação de qualquer fã de música nascido depois dos anos 60.
Nenhum de nós jamais assistirá a um show da maior e mais influente banda de todos os tempos, aquela que dividiu a história da cultura pop em dois tempos: o antes e o depois.
Então só resta me contentar com um show solo de um daqueles 4 rapazes de Liverpool.

Calma aí...
Como assim, "me contentar"?
Isso não faz muito sentido depois do que eu vi na noite de domingo, no estádio do Morumbi.

Marcava mais ou menos 9h40 no relógio quando aquele cara subiu no palco.
Quando você vê aquela figura na sua frente, a poucos metros de você, é necessário um pouco de tempo pra assimilar quem é. Porque apesar de ser um dos rostos mais conhecidos do mundo musical e de pouco ter mudado nas últimas 4 décadas (salvo as marcas da idade), é difícil por alguns momentos pensar que aquele homem está bem ali, ele é real, ele é de carne e osso. Confesso que ainda não assimilei isso direito.

Na minha frente estava Paul McCartney, a lenda viva.

E ainda que o público demore pra acreditar que está tão próximo do ex-Beatle, ele parece ter total consciência de quem é. À frente de cerca de 64 mil pessoas, entre cinquentões que viveram o auge da beatlemania até jovens que conheceram o músico por meio do jogo Rock Band Beatles, ele sabe o quanto vale, e entende o que o público que pagou pelo show quer ouvir, e mostra respeito pela própria história, e tem a noção exata do legado que criou para a música pop.
Mais que tudo, ele entende o que representa para o mar de gente que, de olhos fechados, cantava todas suas músicas, desde os clássicos do passado até suas empreitadas mais atuais.
É por isso que, aos 68 anos, ele não parece ter passado dos 20 e poucos. Depois das 3 horas de show, quando todo o público já sentia os joelhos doerem e os pés latejarem, ele ainda corria pelo palco e cantava sem uma gota de suor escorrendo pela testa, como se aquilo tivesse acabado de começar. De fazer inveja a qualquer jovem músico. Inacreditável.

Confesso que ainda não consigo detalhar exatamente o que foi aquele show.
Não tenho a capacidade de traduzir em palavras a emoção que foi estar la, tão perto do palco, entre uma infinidade de pessoas, jovens, velhos, famílias inteiras, famosos ou não. Antes de começar o show, nas arquibancadas o público se jogava na "ôôôôlaaaa", na pista pessoas cantavam todos os sucessos de cada álbum, na ordem cronológica... e no rosto de cada um, um sorriso. A certeza de que, mais que um show, aquilo seria uma festa, algo para se guardar para sempre.
Meu pai realizava um sonho que tinha desde que dançava "Hold Me Tight" nos bailinhos de muito tempo atrás. Meu irmão, que já tinha visto o show-reunião entre Paul e Ringo algum tempo atrás, mal conseguia controlar a ansiedade. Estavam comigo os dois responsáveis pelo que eu sinto por Beatles. Nem o anúncio iminente de chuva poderia atrapalhar aquela noite.

Mas nem a chuva quis se atrever a estragar o momento.

O show?
Ah, mas com o repertório dele, nem tinha como errar.
A viagem no tempo foi completa. Clássicos dos Beatles, clássicos do Wings, clássicos da carreira solo... não faltou nada. Nos intervalos, o músico se esforçava para agradar os fãs, seja comandando coros improvisados, seja falando em portugês. Tudo para mimar aqueles que já estavam na palma de sua mão.
Clássicos como "Band on the Run" (uma das melhores músicas já escritas), "Helter Skelter", "Live and Let Die", "Mrs. Vandebilt"... tudo fica melhor ao vivo! E principalmente pela perfeição da banda, com destaque para o baterista Abe Laboriel Jr.!
Mas nada te prepara para ouvir coisas como "Let It Be", ou "Eleanor Rigby", ou "The Long and Winding Road". Ou para "Here Todya", música escrita para o parceiro John Lennon. Ou para o emocionante tributo a George Harrison, com uma versão matadora de "Something". E para a versão de "A Day in the Life/Give Peace a Chance", um dos melhores momentos da noite.

Mas o que acaba com o mais duro dos corações é quando Paul senta ao piano e toca, sem aviso, sem que ninguém esteja emocionalmente preparado... "Hey Jude".
Ao final da música, o coro de 64 mil vozes cantava o famoso "naaaa, na, na, nanananaaa... nanananaaaa... hey Jude". Na minha frente, um garoto com não mais que 10 anos olhava maravilhado para tudo aquilo, criando uma lembrança para toda a vida. Do meu lado, meu pai, a pessoa que me ensinou a amar aquelas músicas, de olhos fechados e mãos levantadas, mostrava que a espera de uma vida inteira tinha valido a pena. Assim como o garoto da minha frente, eu também criei uma lembrança para levar comigo até o dia da minha morte.

Na platéia, uma garota segurava um papel com a frase que definia bem tudo aquilo:

"Paul, o sonho acabou... porque você o tornou realidade. Obrigado."

Eu não teria dito melhor.
Muito obrigado, Paul.

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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sobre Scott Pilgrim


Existe uma classe de pessoas que vive à margem da sociedade.
São pessoas discretas, tímidas, que aparentemente não se esforçam para ser o centro das atenções.
Elas ficam sempre no fundo, sem fazer muito barulho, sempre focados, como se vivessem no seu próprio mundo.
Pessoas que você nem ao menos nota a não ser que preste muita atenção.
Mas quando você presta atenção, essas pessoas conseguem se destacar até mais que as outras.
E é aí que elas te surpreendem de um jeito que ninguém mais consegue.
Porque... bem... elas têm super-poderes!

Essas pessoas também são conhecidas como...

Os baixistas!

E nada mais justo que o personagem principal da franquia (HQ, filme, video-game e bonequinhos) Scott Pilgrim seja dessa classe em particular!

Scott Pilgrim parece apenas um rapaz canadense comum.
Ele é desempregado, mora (e divide a cama) com seu amigo gay e não tem grandes pretensões na vida a não ser ensaiar com sua banda, o Sex Bob-Omb, e sair com sua namorada chinesa colegial, com quem o maior contato físico foi algo que ele ACHA ter sido um abraço. Isso até ele conhecer em seus sonhos - na verdade uma rodovia subespacial que funciona como um buraco de minhoca... nunca ouviu falar dela? - Ramona Flowers, por quem se apaixona antes mesmo de conhecer ao vivo. Mas para conseguir namorá-la, ele antes terá que vencer seus 7 ex-namorados do mal!!! Quem disse que seria fácil, hã?

É nisso que o filme, adaptado da HQ, se foca.
A velha história "garoto conhece garota", mas regada de referências a quadrinhos, mangás, jogos de video-game, filmes e séries de TV.
Mas diferente de filmes indies alternativos nerds, que usam essas referências para se ligar emocionalmente aos seus espectadores, Scott Pilgrim mergulha nessas referências em um outro nível! Elas deixam de ser "referências" e se tornam parte essencial do filme, tão importantes quanto a trama ou qualquer personagem! Isso se mostra desde os detalhes visuais, como o ding-dong da campainha até às lutas ao estilo Street Fighter. Desde a tela inicial com o logo da Universal ao estilo 8 bits e com direito a clássica música de sintetizador até à hilária homenagem ao seriado Seinfeld. Tudo se mistura à narrativa, como se o filme não pudesse existir sem isso.
É o que aconteceria se o filme não estivesse nas mãos do gênio Edgard Wright. É até engraçado notar que o ritmo insano e ágil de Scott Pilgrim já podia ser encontrado nos trabalhos anteriores do diretor, Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso (se você não viu qualquer um desses filmes, levanta a bunda da cadeira, para de ler este texto e vai alugar/baixar imediatamente!).
E impossível não dar mérito ao ator principal do filme, o tão amado quanto odiado Michael Cera. Depois de participar da maior parte dos filmes indie-comerciais como Superbad, Nick & Norah e Juno, o cara se prova em Scott Pilgrim (com toda certeza o mais indie dentre todos esses filmes). Seja nas cenas cômicas, seja nas cenas de luta, ele mostra que foi a escolha mais certa pro papel. Digo até que, assim como Scott Pilgrim personifica toda uma cultura indie, Michael Cera personifica o cinema indie, a caracterização do loser-pop como poucos conseguem fazer. Um dos grandes méritos do filme. Assim como TODO o resto do elenco, cada ator perfeito em seu respectivo papel!

O único problema é que, enquanto que o filme se foca na premissa que eu disse lááááá em cima, a HQ vai muito além disso.
Se no cinema a história de Scott Pilgrim se resume ao já citado "garoto conhece garota", os quadrinhos mostram A VIDA de Scott Pilgrim, sua busca por emprego, suas ex-namoradas, sub-plots que o filme foi obrigado a cortar para encaixar a história em 112 minutos. Aliás, coisa que fez muito bem, mas que perde pontos numa comparação.

Apesar disso, tanto filme quanto HQ falam da mesma coisa:
O medo de atingir a maturidade e a responsabilidade, e o fato de que o passado sempre vem nos confrontar de novo.
Posso até dizer que da pra encontrar imensos paralelos e simbolismos na história criada pelo quadrinista Bryan Lee O'Malley, mas aposto que ninguém aqui está com saco de ler isso...!
Quem sabe num próximo post. Ou não.

Outra coisa que é idêntica entre filme e HQ...
Nenhum dos dois foram feitos para todos os públicos.
Talvez isso explique o fracasso de bilheteria la fora e a dificuldade em lançar o filme por aqui em terras brazucas, ainda que num número limitado de cinemas. Mérito da distribuidora Paramont, que realmente se esforçou ao máximo em trazer o filme a nós, público brasileiro.

Enfim, na minha opinião Scott Pilgrim é o melhor filme do ano e, talvez, de repente, se pá, sendo bem ousado, a melhor adaptação de uma HQ já feita!
Ah, e definitivamente é a maior homenagem que se poderia fazer ao mundo dos video-games!

E não fale mal de Scott Pilgrim se quiser continuar a ser meu amigo! Há! #Brinks #NemTanto

Em toda sua despretensão, Scott Pilgrim é ÉPICO!!!


PS: corre atrás da sensacional trilha-sonora e deprima-se comigo pelo fato de que nunca veremos um CD exclusivo ou mesmo um show do Sex Bob-Omb...

=[

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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

LDN



Foto by @caroljojo


Pós shows, agora sim posso escrever meu post de viagem.
Depois do meu primeiro ano de trabalho, conquistei as tão deliciosas férias. Elas foram muito merecidas, se posso dizer.
Se você é publicitário vai saber do que estou falando...

Mas a verdade é que, foi esse trabalho que me possibilitou realizar meu sonho supremo: Ir para Londres.
Eu não sei te dizer o que tem naquela cidade que sempre me atraiu e me deixou noites sem dormir com vontade de estar lá.
O frio na barriga começou desde o momento em que reservei as passagens, estava acontecendo... aquilo que pensava em fazer desde os 9 anos... estava acontecendo!
Juntos de duas amigas, embarquei para a cidade cinzenta.
Passar pela imigração quase levou embora a minha alma, nunca fiquei tão nervosa na vida. O pavor de ter chegado até ali e ouvir um "Blz, sai do meu país" era pavoroso.

Tudo deu certo... e minutos depois estavamos em um little black cab, como os que Sherlock tanto pega (na série da BBC, antes que alguém fale algo) e olhando para o sinal que dizia o que Alex Turner já tinha nos avisado antes "Red lights indicate doors are secured".

Eu não tenho como detalhar cada minuto meu naquele lugar, só posso dizer que para onde eu olhava, era um sorriso novo que estampava meu rosto.

"Ai, credo... Londres.. Mó cinza, pessoas frias..."

Beleza, sai do meu blog.

Mais do que a educação das pessoas, mais do que as casinhas pobres serem melhor que a minha, a estrutura organizada da cidade, o sotaque sensacional (*_______*)... o importante era a sensação de estar ali. Parecia que era ali que eu pertencia, que era ali que era o meu lugar.

É estranho, passar a vida achando que está no lugar errado.
Os pontos turisticos são lindos, mas você pode nem ir em nenhum. Apenas ande em um parque, coma um fish and chips, caminha pela cidade olhando a arquitetura... Você já vai ter uma experiência única.

Ir em shows onde as bandas de abertura são desconhecidas e elas serem todas legais, tendo o estilo musical que você tanto gosta...(Show a ser comentado futuramente em outro post).

Ok, a verdade é uma só...
Eu só gostei tanto de Londres porque brinquei com um esquilo.
Quem pode me culpar?

Acha que acabou? Ainda temos nos próximos capítulos minha ida a Brighton e Cardiff, Buenos Aires e Santiago. =D

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Belle & Sebastian no Brasil (ou Um Ensaio Sobre a Fofura)


Chego na Via Funchal lá pelas 20h15, com tempo de sobra. Gasto 12 reais em duas cervejas (!) e me encosto na parede. Percebo que uma garota bonita que estava a minha direita, ainda que um pouco distante, se surpreende com alguma coisa, abre um sorriso, e sai correndo. Olho para a esquerda e vejo um rapaz baixinho correndo na direção contrária. Por mais que eles estivessem correndo numa velocidade dentro do normal, na minha cabeça tudo aquilo acontecia em câmera lenta. Os dois se encontram em um abraço explosivo bem na minha frente e, como se não tivesse mais ninguém olhando, se perdem num beijo de alguns minutos. Depois saem de mãos dadas, em direção ao palco, mas que podia muito bem ser um pôr-do-sol.

Aquela cena prenunciou o que esperava os fãs que lotaram a Via Funchal para ver a tão adorada banda Belle & Sebastian, que não voltava apenas ao Brasil, mas também à ativa, após um hiato de cerca de 4 anos. Não seria um show de rock. Não seria um show épico, histórico.
Assim como a cena que se desenhou na minha frente, o show seria... fofinho!
E pra ser honesto, os fãs não exigiam mais do que isso.

Confesso que não esperava muito.
Já tinha visto vídeos de shows do Belle & Sebastian e nenhum deles pareceu empolgante. Pra falar a verdade, parecia valer muito mais a pena ouvir a banda por um fone de ouvido do que em um show ao vivo.
Mas quando uma das suas bandas favoritas vem ao Brasil depois de quase uma década desde a última vez, você PRECISA ir!!! Sem pensar duas vezes!!! Sem pensar uma vez sequer!!!

Pontualmente, às 22 horas, Stuart Murdoch e companhia entraram em cena abrindo o show com I Didn't See It Coming, a fofíssima música que abre o último CD da banda lançado este ano, Write About Love. Após algumas músicas, Murdoch arranhou o português: "Boa noite, São Paulo. Finalmente chegamos de volta ao Brasil". Nem precisava. A platéia já estava ganha desde o primeiro acorde. E nem o som pessimamente equalizado estragou a festa. E nem poderia.
Longe da imagem deprê pintada por aqueles que desconhecem a banda, o Belle & Sebastian tem algo como uma "empolgação introspectiva" gigantesca, se posso chamar assim! Ainda que tímido ao seu próprio modo, Stuart Murdoch dança a todo momento, se joga na platéia, anda em meio a nós, reles mortais, autografa bolas de futebol americano e joga aos fãs, chama algumas pessoas para dançar no palco... enquanto isso, o resto da banda sorri simpaticamente e se diverte entre as músicas. Sem contar a fofura que é a Sarah Martin, multi-instrumentista e vocalista que, sério, da vontade de subir no palco e abraçar!
E se os músicos estavam empolgados, o público retribuiu na mesma moeda, pulando e dançando cada uma das músicas, do começo ao fim, mesmo as mais paradas - inclusive levantando isqueiros (sim, como nossos antepassados faziam quando não existiam celulares) - e cantando em coro todas as quilometricas letras de um setlist imprevisível e que passeava por quase toda a história da banda.

Pausa no texto, preciso dizer algo como fã.
Gostar de alguma coisa é normal, mas ter alguém como ídolo é algo muito maior e menos simples.
Stuart Murdoch é um ídolo pra mim. Alguém que me influencia pelas letras e pelas melodias que cria, alguém que me inspira tanto a escrever música quanto a escrever neste humilde blog.
E ver seu ídolo na sua frente e comprovar que ele é de carne e osso é uma sensação difícil de explicar.
Só abri este parágrafo à parte para tentar mostrar como eu fiquei o show inteiro.

Confesso que perdi uma lágrima durante Lord Anthony, música que por diversos motivos é muito importante pra mim e que eu simplesmente não esperava ouvir ao vivo. Assim como Sleep the Clock Around, música que até hoje eu achava que só eu gostava. E nem consigo descrever como foi esperar até o bis para ouvir Get Me Away From Here, I'm Dying ao vivo e perceber que tudo aquilo tinha valido a pena.

Pra falar a verdade, ter perdido só uma lágrima neste show foi pouco..

Uma pena que a banda não tocou nenhuma música do primeiro e fantástico álbum, Tigermilk (que é de 1996... ao contrário do que dizia a Via Funchal em seus comerciais, anunciando o show como uma comemoração pelos "10 anos do álbum de estréia" #fail), e também poderia citar a falta de uma ou outra música.

Mas esse talvez seja o jeito do Belle & Sebastian deixar um gosto de "quero mais" em seus fãs.

E a esperança de que a espera por um outro show seja menor, dessa vez.

Um brinde à fofura.

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domingo, 7 de novembro de 2010

You've got me on my toes


Achei que eu ía chegar nesse blog com aquela vergonha de quem encheu a cara no dia anterior e só lembra de flashes embaraçoso.

Mas depois do que eu vi ontem, eu chego aqui com a cabeça erguida e peito estufado.

Eu fui no show do Jonas Brothers.

Eu, Renata, no meus quase 24 anos, estava na grade da área VIP Premium do show da banda queridinha da Disney: Jonas Brothers.

Muitos nesse momento questionaram meu gostos musical, se perguntaram sobre as bandas de rock que eu gosto, aposto que alguns até acham que as bandas de rock que eu gosto é pose de menina adolescente... Bom... volte na quinta-feira.

Ontem eu sai de casa com o coração na boca, não pelo show em si... mas por ser a primeira vez que eu ia a um show sozinha.
Cheguei e com todos os privilégios de VIP entrei rapidinho. O estádio ainda estava enchendo, tinha quase ninguém... Sentei na minha cadeirinha, mas logo percebi que basicamente só eu, pais e crianças muito pequenas estavam fazendo isso. Todo o resto já estava na grade.
Esperei ficar mais perto do show e consegui um lugar ao sol na grade.
Logo nesse momento eu percebi o quanto o público de JB é mais variado do que eu imaginava, estávamos eu, uma menina de 16, uma de 12, uma de 8 e uma mãe... A mãe era a mais animada de todas, devo dizer.

Com o cancelamento da vinda de Demi Lovato, antes do show só teve a participação do elenco de Camp Rock 2. Nothing new there, eles são muito animados e foram muito carinhosos com a platéia... numa vibe Disney mesmo.

Depois de alguns membros do elenco mostrarem seu trabalho solo, entraram em grupo para as músicas do filme... mas para acompanhá-los entrou a banda do JB. Os gritos já atingiam notas que nunca imaginei, eu mesma gritei feito uma alucinada quando o Garbo entrou... can you blame me? (googla ele aí...)

Bom, antes do que todo mundo esperava, apareceu no telão o relógio de contagem regressiva para a entrada dos Brothers. Confesso, meu coração deu uma disparadinha...
Eles entraram com MUITA energia e cantando Feeling Alive. Foram adoráveis com a platéia.

Eles me surpreenderam bastante, muito mais energia e animação...
Eu estava separada da grade por apenas uma garota e ela ainda era ,mais baixa que eu (prós de se ir em shows pré adolescentes!). Eles faziam questão de animar o público, uma pena que graças ao público que estava lá, eles pareceram perder um pouco essa energia. A insistência de gritar o nome da Demi Lovato no intervalo de cada música e de querer cantar parabéns para o Kevin a cada 5 segundos.
Até o famoso discurso do Nick durante a música A little Bit Longer, fizeram questão de interromper. Tá, gritaram "Nick, eu te amo", mas até aí... o cara tá fazendo um discurso sobre superar seu problemas e tal e você sendo paunocu.
E não venha me dizer que isso é coisa de público do Jonas Brothers, porque eu sei que em lugar nenhum isso acontece, inclusive nem no show do ano passado, até onde eu sei.

Mas mesmo entre mortos e feridos, eles foram muito adoráveis e faziam questão de falar o quanto as fãs eram importantes. Nick até destacou o fato de um público que fala um idioma diferente estar cantando as músicas inteiras.

Bom, foi esse garoto encostar no piano que a choradeira começou. Nossa senhora, eu nunca vi tanta gente junta chorando (incluindo enterros). Eu estava me sentindo muito deslocada, mas ao mesmo tempo era incrível ver o poder daqueles 3 caras nas pessoas.
Como é gigantesco o amor dessas meninas por eles e como eles são adoráveis e fazem questão de retribuir, sempre com sorrisos e muitos "thank you" e "obrigado".
Não sei se vocês tem noção do que significa para um fãs receber esse carinho...

Essas questões a parte, foi um show sensacional, que não deve nada para muitos que eu já vi... e digo mais... melhor que shows de rock que eu já fui. Tirando as partes Disney, onde entrava o elenco de Camp Rock (afinal, essa era um turnê Camp Rock e não só Jonas Brothers), o show fez um show de pop rock para ninguém botar defeito. Mostraram que dominam bem suas guitarras e que a banda de apoio, é apenas isso... apoio. Alguns solos são feitos por John Loyd Taylor, guitarrista da banda de apoio e diretor musical da banda, mas apenas porque eles fazem questão da total participação deles, já que estão justos desde o começo... Kevin e Nick fizeram solos tão ou mais elaborados que o de John, não deixando a dúvida de que não são só rostinhos bonitos... são músicos competentes sim!

Você pode não gostar de pop e eu respeito isso, mas os Jonas são músicos de respeito que podem fazer o que quiserem e que a cada álbum mostram um crescimento absurdo.

É, eu tinha vergonha de gostar deles. Não tenho mais. Tenho orgulho de ser fã de Jonas Brothers!

Ano que vem, estarei lá de novo. Podem ter certeza. Ou quem sabe vou para o RJ para ir no show, já que dizem que lá foi melhor (inveja).


PS: O Kevin é o cara! Sério...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ETs e Zumbis


As duas melhores novas séries da TV..
Ou pelo menos as duas melhores novas séries que eu assisti!


THE EVENT

Desde o fim de Lost, todos procuram um substituto à altura, mas as opções teimam em se revelarem fiascos e promessas vazias, como foi o caso da já finada Flashfoward.
Eis que surge, do marasmo e da falta de criatividade da televisão norte-americana, uma série como The Event. E ao que parece, ao menos em termos de qualidade, finalmente encontramos uma gota de esperança.

Tudo gira em torno de uma raça alienígena, uma conspiração e um misterioso evento que está sendo planejado há anos.
Apesar de pintada como confusa, o primeiro episódio mostra as peças e o segundo já trata de encaixá-las no quebra-cabeça. E assim como cada episódio aumenta o mistério em torno do tal Evento, eles também distribuem pequenas respostas, num ritmo ágil, sem muito tempo para respirar.

Assim como Lost, a série começa em um avião. E assim como Lost, a série faz uso de flashbacks para jogar luz no que acontece no presente. Mas as semelhanças entre as duas séries terminam aí.
The Event também usa a interatividade com o telespectador para prender o interesse do público. Alguns personagens possuem sites e contas no Twitter, onde lançam pequenas pistas sobre os mistérios da série.
Uma pena que isso não tem conseguido segurar a audiência norte-americana, que cai a cada episódio. A primeira temporada está garantida, mas difícil dizer se conseguirá se manter por mais tempo.

Vale a pena dizer que Lost, na época de seu lançamento, era uma série sobre sobreviventes numa ilha. Por isso conseguiu uma audiência tão grande, por disfarçar a complexidade em uma trama aparentemente simples. No momento em que começaram as viagens no tempo e os grandes mistérios, já existia um público fiel, que ainda assim diminuiu bastante ao longo das temporadas.
The Event já surgiu complexa, obrigando seu público a fazer o que não está acostumado: pensar.
Desse jeito, a série pode ter assinado o seu próprio prazo de validade...


THE WALKING DEAD

A série mais esperada por qualquer fã de quadrinhos.
Baseada na sensacional HQ do Robert Kirkman, produzida, escrita e dirigida pelo brilhante Frank Darabont, Walking Dead já havia liberado imagens, teasers, fotos, vídeos e mais um monte de coisas que fizeram a festa dos fãs.
Não tinha como dar errado...

E não deu mesmo!

A série (e a HQ) mostra a já manjada história dos sobreviventes em um mundo tomado por zumbis. Mas como bem aprendeu com os filmes do mestre George Romero, The Walking Dead usa o cenário apocalíptico apenas como pano de fundo para se focar em algo muito mais importante: seus personagens. Tanto o quadrinista Kirkman quanto o diretor Darabont se preocupam muito mais em mostrar o drama de pessoas normais que se encontram em um mundo completamente diferente do que em sustos fáceis e cenas sangrentas e escatalógicas (o que não significa que elas também não existam).
Isso já se prova neste primeiro episódio. Ao invés de sustos, o que você vai encontrar é uma tensão constante, a desconfortante sensação de ter que estar sempre alerta.
Isso já é um grande diferencial que destaca The Walking Dead das bobagens de terror que vemos por aí.

Ainda assim, nem tudo é perfeito.
O episódio peca por alguns diálogos forçados e uma constante enrolação, principalmente no começo. Mas talvez até mesmo essa enrolação seja necessária. A série em quadrinhos é conhecida por passar várias edições no mais puro marasmo até que, sem aviso, acontece algo bombástico. Por isso que a HQ se vende mais pelos seus encadernados que pelos números mensais.
Basta a série definir seu ritmo e acho que isso vai ficar mais equilibrado.
Infelizmente para os fãs de quadrinhos, a série sempre será comparada com a HQ original. Eu pessoalmente senti falta de algumas passagens da história, e em várias outras eu me peguei pensando "hmm, mas isso foi muito melhor nos quadrinhos!"... enfim, papo de nerd chato, mesmo.

A primeira temporada terá 6 episódios. Boatos davam por certo a renovação da série para uma segunda temporada antes mesmo do primeiro episódio passar na TV, mas isso já foi desmentido...
Porém não por muito tempo, se depender do público! The Walking Dead bateu recordes nos EUA na sua noite de estréia, tendo a melhor audiência entre as estréias da TV a cabo do ano e se tornando também um recorde para seu próprio canal, o AMC!

Se conseguir manter o ritmo do primeiro episódio e corrigir suas falhas, The Walking Dead tem tudo para se tornar um novo clássico da televisão.
Vamos torcer, porque pelo que mostrou este primeiro episódio (e pelo que já foi mostrado nos quadrinhos), ela merece muito!

PS: Vale dizer que a Fox, para adequar a série à sua programação, resolveu cortar cerca de 15 MINUTOS do episódio original! Claro que eu não posso chegar aqui e dizer pra vocês baixarem a série ao invés de depender do canal, mas... bem... baixem!!!

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domingo, 31 de outubro de 2010

Voltay

*Eu sendo bocó na London Eye*

Eu queria ter um texto na pontas dos dedos.
Mas eu não tenho.
Um fim-de-semana pós-viagens, eleição e Dia das Bruxas deveria ter rendido linhas e mais linhas de texto.
Mas não rendeu (ainda).

A verdade é que ainda não consegui assimilar tudo que aconteceu e que está para acontecer na minha vida!
E tem muita coisa a ser dita...

Mas só para dar explicações sobre a ausência:
Tirei férias do trabalho e, nas últimas 3 semanas eu fui para o Reino Unido, Argentina e Chile.
Sim, praticamente sem respiro. Não aguento nem mais ver cara de aeroporto.

Com paisagens a mais no repertório e dinheiro a menos no bolso, aqui estou eu, ainda aproveitando minha última semana de férias e roendo as unhas pelo show do Jonas Brothers no sábado.
Sim, eu vou.
Não, eu não me importo se você me acha babaca.

Novembro me aguarda com muitas coisas: shows, estréias de filmes aguardados e novo cargo na agência.

Prometo no próximo texto falar coisas interessantes, sério.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Pequenos Heróis


(post exclusivamente publicado na terça-feira, já que este blog estava às traças a tempo demais... na segunda a Renatinha volta a postar e daí as coisas voltam ao normal!)

Às vezes a gente se depara com uma HQ nacional tão bacana que te obriga a abrir seus horizontes para um ponto muito além das tradicionais histórias em quadrinhos norte-americanas de super-heróis.
Temos os álbuns do Bá e do Moon, o projeto MSP50 (do qual a gente já falou por aqui), a série Mondo Urbano, as coletâneas do Laerte, o livro Cachalote... trabalhos que acabam se destacando nas prateleiras antes mesmo que você se de conta de que está olhando para uma HQ 100% brazuca.

O álbum Pequenos Heróis, lançado pela Editora Devir especialmente para livrarias, é o perfeito exemplo disso.

O escritor e editor Estevão Ribeiro reuniu um time invejável de desenhistas para, em histórias curtas, diretas e sem diálogos, homenagear à sua maneira os super-heróis com os quais cresceu. Não na imagem dos ícones que conhecemos, mas na forma de suas ações. Não nas figuras musculosas e imponentes dos quadrinhos, mas nas almas de... crianças. Crianças que, independente do gênero ou da classe social, precisam lidar com as mais diversas (e grandiosas) situações e encontrar o heroísmo dentro de si mesmos.
Preciso inclusive destacar aqui a história "O Garoto das Trevas", desenhada por Emerson Lopes, na minha opinião a mais divertida dentre as 8. Também se destacam "Superbro", desenhada pelo coeditor do álbum, Mário César, e "O Garoto de Marte", com arte da dupla Ric Milk & Dandi.

E se este primeiro volume homenageia os personagens da editora DC, a já prometida continuação do projeto será baseada nos personagens da editora Marvel.

Estevão Ribeiro mostra que, antes de "salvar o mundo" e "combater o mal", o heroísmo está nas pequenas ações.
O heroísmo está em fazer a diferença.

Ao final da leitura, Pequenos Heróis te deixa com aquele sorriso bobo nos lábios, fruto do reconhecimento de um trabalho muito bem-feito e inspirador.

Tão inspirador quanto apenas um super-herói pode ser.

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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Confuso

Minha cabeça ta meio confusa.

Outro dia, concordei com uma afirmação do Rick Bonadio.
Passei a simpatizar um pouco mais com a Dilma.
Me tornei um "meio-ateu".
Gastei menos que 100 reais no Fest Comix.
Comecei a achar chatas músicas que antes eu considerava perfeitas.
Defendi Restart e o happy rock em uma discussão.
Percebi que o Lucio Ribeiro tem uma certa credibilidade sim.
Decidi cortar meu cabelo e fazer minha barba.


Por isso, não tenho muito o que falar por aqui hoje, viu.
Pelo menos nada que eu não va me arrepender semana que vem.
Estranho ter que manter este blog sozinho.

Então, sob risco de perder nossos 3 leitores, prefiro não escrever nenhum post hoje a escrever um post ruim.

Mas ó, garanto voltar à boa-forma semana que vem.
Estamos combinados?

É quente.

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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

5 Shows Que Eu Ainda Vou Ver Antes De Morrer

(desculpa a ausência de imagem, to com um problema aqui no computador e meu analfabetismo digital me impede de resolver...)


Entre as certezas e a esperança, os 5 shows sem os quais eu me recuso a ir pro túmulo.
Alguns sonhos distantes e outros nem tanto...


WEEZER

Eles podem ter lançado um sem-número de álbuns decepcionantes nos últimos anos, mas ainda estão no topo da minha preferência musical!
Porque sempre que eu escuto os bons momentos da banda, seja álbuns ou seja músicas aleatórias, eu sonho em ouvir aquilo ao vivo, e estar la gritando cada refrão, lembrando cada acorde, imitando no ar cada virada da bateria, fazendo cada solo de guitarra na minha própria air-guitar...
Aliás, confesso que ensaio todo santo dia "Undone - The Sweater Song" no violão na esperança de ser o sortudo chamado ao palco para tocar com eles.
E pode me chamar de groupie!
Sou mesmo!


LIBERTINES

Também pode me chamar de previsível, mas eu não arredo pé deste mundo sem ver Pete Doherty e Carl Barat ao vivo!
Se tem alguma coisa que eu aprendi com a música britânica é que não deve existir nada igual a assistir a um show do Libs em sua formação original. Independente deles estarem tão drogados que não consigam segurar suas guitarras, ou tão bêbados que não lembrem nenhuma letra. Sério, eles podem só subir no palco, sentar num banquinho e ler a porra da Bíblia por duas horas, ja vai ter valido a pena!!
Se existe uma banda que só é verdadeiramente real ao vivo, essa banda é o Libertines!!


BLUR

Mas ja que estamos no assunto, tenho que falar da melhor banda britânica dos últimos 20 anos.
Evitando as tradicionais comparações desnecessárias com o Oasis, o Blur é uma das coisas mais importantes surgidas na década de 90, e sem dúvida a mais influente banda britânica daquela década. O Blur tinha humor, inteligência, personalidade. O Blur criou um dos melhores álbuns de todos os tempos, o Parklife. O Blur deu ao cenário musical não apenas músicas geniais, mas também a carreira solo do guitarrista Graham Coxon e as aventuras sonoras do Damon Albarn com o Gorillaz. Eles não são apenas os criadores do britpop... Eles foram muito além disso.
Pra mim, o Blur é tão icônico quanto bandas no calibre de um Smiths, ou de um Clash, ou de um Sex Pistols.
Agora que eles voltaram a se reunir, ver um show deles não é mais um desejo.
É uma obrigação minha como fã!!
Um dia...


PAUL MCCARTNEY

Se tudo correr bem, em pouco tempo eu estarei vendo ao vivo com estes olhinhos que os vermes comerão a maior lenda viva da música, que eu carinhosamente chamo de Deus, cantando com toda a força dos meus pulmões músicas escritas há quase meio século!
Quer dizer, talvez eu não esteja necessariamente VENDO, mas eu estarei no mesmo ambiente que ele!
Ok, talvez não exatamente no mesmo ambiente, mas no mesmo ESTÁDIO que ele!
E isso já é o bastante.


BELLE & SEBASTIAN

Ingresso comprado!
Aliás, ingresso PREMIUM comprado!
Dia 10 de novembro eu estarei começando oficialmente esta lista de shows que preciso assistir antes de morrer.
Sim, é até justo dizer que, a partir do dia 10 de novembro, eu estarei QUATRO SHOWS mais próximo da minha morte!!
E sendo uma quarta-feira, prometo contar como foi (e claro, contar vantagem aos que não foram) no dia seguinte, aqui mesmo no Two Cold Fingers!


Belle & Sebastian garantido.
Paul McCartney praticamente fechado.
Libertines e Blur voltando à ativa com formação original.
Weezer lançando CDs e divulgando turnês ao redor do mundo.

Meus sonhos, ainda que beeem caros, não parecem tão distantes agora...

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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Por Motivo de Doença...

Cara meia dúzia de leitores do Two Cold Fingers...
Me perdoem mas não tenho nenhum post novo pra essa quinta-feira.

Sei que vocês passam a semana inteira esperando ansiosamente por este momento, mas passar os últimos dias de cama com 40 graus de temperatura, com dores espalhadas pelo corpo, olhos queimando, tremendo da ponta do nariz à ponta do dedão do pé, botando pra fora tudo o que eu não tinha comido, vendo os vultos dos meus parentes já falecidos me chamando para a luz no fim do túnel e com a cabeça mais parecendo uma panela de pressão me impediu de desenvolver um assunto digno de ser postado por aqui.

Pelo menos posso aproveitar pra avisar que a Renatinha vai para Londres me comprar um sobretudo ao estilo John Constantine e uma porrada de singles não lançados por terras brazucas.
Então não teremos posts nas próximas segundas.


Mas Brancatrolhas, então você veio até aqui só pra avisar que hoje não tem post seu e que nas próximas semanas não teremos posts da Renatinha?

Sim.

Me processa!


Bjo nas crianças, pessoal...

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domingo, 3 de outubro de 2010

Shit that William Shatner says


Que o William Shatner é foda todos sabem, ou pelo menos deveriam saber.
Que ele tem alguns papéis em produções flopadas todos sabem, ou não.
Que eu estava achando que essa série teria absurdas chances de ser flopada, acho que ninguém sabe, porque não falei sobre isso com ninguém. :)

"Shit that my dad says" é uma série baseada no famoso perfil de Twitter @shitmydadsays. Eu adoro esse perfil, nem lembro onde vi pela primeira vez, só sei que eu caia na gargalhada a cada post novo... mas quando anunciaram a série, eu fiquei um pouco com o pé atrás. Uma coisa é um tweet de vez em quando, outra coisa é transformar isso em um roteiro.
Aí anunciaram o Shatner para o papel, fiquei animada... Ele pode conseguir uns papéis flopados, mas só o Denny Crane em "Boston Legal" já vale a carreira toda dele, de verdade.

Ontem assisti o piloto e o segundo episódio.
Piloto: Bem decepcionante, eu que já não esperava muito, fiquei muito incomodada quando eles tentaram fazer o Shatner emplacar uma frase de efeito após a outra, tirando completamente a naturalidade da coisa. Estava forçado, estava sem graça, estava tenso.
Mas resolvi dar uma chance para o segundo episódio.

Segundo episódio: Fiz bem em dar uma chance, ele foi bem mais natural e divertido. As coisas ficaram mais naturais, conseguiram incorporar melhor as frases dentro do roteiro. O filho dele teve mais destaque, o que foi muito bom, já que ele é bem divertido. O outro filho e sua esposa são até que engraçadinhos, mais o filho que a esposa.

Ainda não é A série, mas é um entretenimento válido. E se você gosta do Shatner, vale a pena acompanhar por ele.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Belle & Sebastian Escreve Sobre o Amor


Como eu disse no meu último post, a expectativa é uma vadia sem coração!

Vazou nos últimos dias o novo álbum do Belle & Sebastian, o "Belle & Sebastian Write About Love", 4 anos depois do seu último (e excelente) álbum.
Expectativas nas alturas, já estava preparado para ouvir cada uma das músicas pelo menos umas 3 vezes antes de formar uma opinião sobre o álbum, regra que eu aprendi com os outros discos da banda.

1ª audição: nhé

2ª audição: nhé

3ª audição: um pouco melhor, mas ainda assim... nhé!

E depois veio a 4ª audição, a 6ª audição, a 13ª audição.
Eu realmente me esforcei para gostar do álbum, tentei relevar as falhas, prestar mais atenção nos méritos.

Mas o fato é que, não importa quantas vezes eu escute, "Belle & Sebastian Write About Love" não deixa de ser um álbum decepcionante.

Isso não quer dizer que seja um álbum RUIM.
Mas não esta no nível dos dois últimos álbuns da banda, o "Dear Catastrophe Waitress" e o "The Life Persuit", ou dos dois primeiros trabalhos, "Tigermilk" e "If You're Feeling Sinister".
Aliás, o novo disco está muito mais próximo da melancolia muitas vezes entediante de algumas músicas do "The Boy with the Arab Strap" do que da criatividade e dos contrastes dos seus melhores trabalhos.

Os melhores momentos ficam por conta da faixa de abertura, "I Didn't See It Coming", música que tem a cara da banda estampada em cada acorde. Além dela, se destacam também a simpática "Calculating Bimbo", a bela "Little Lou, Ugly Jack, Prophet John" (que conta com a participação da Norah Jones), a balada "Read the Blessed Pages" e a gostosa "I Can See Your Future".
Além dos pontos altos, temos a simpática "Ghost of Rockschool", que infelizmente exagera no toque religioso, se tornando quase uma música gospel. A divertida "I'm Not Living in the Real World" é apenas isso: divertida. E o primeiro single do disco, "Write About Love", tem um instrumental muito bacana e a participação da fofíssima (e atual futura sra Brancatelli) Carey Mulligan... mas peca pela letra nada inspirada.

Esse acaba sendo o grande problema do álbum.
A falta de criatividade, seja nas letras, seja nas músicas.

"I Want The World to Stop" tem um começo que lembra um Radiohead, e tem um desenvolvimento bacana... mas se estraga ao repetir demais o refrão, que la pela quinta vez ja se torna chatíssimo. "Come On Sister" seria muito melhor se fosse mais curta. E o álbum fecha com a música mais fraca do CD, "Sunday's Pretty Icons", cujos primeiros segundos parecem música de novela da Globo.

Ao criar um álbum inteiro sob o conceito "vamos falar sobre amor", o Belle & Sebastian acabou se afastando daquilo que tinha de melhor:
As melodias criativas, as letras inteligentes, as palavras perfeitamente encaixadas e o sempre inesperado humor.

Não é um disco ruim.
É apenas... beeem sem graça, se comparado ao padrão da banda.
Mas ainda assim, tem seus bons momentos.

Bom, quem sabe ele não melhora na 28ª audição.
Vamos ver.

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domingo, 26 de setembro de 2010

It's tough to have a crush - Parte 2


Foto: What to Do - By @caroljojo

Parte 2?
Parte 2, sim.

A questão foi a seguinte, o Estúdio Emme demorou só 90 milhões de anos para confirmar o show em SP, e só a possibilidade de perder a chance de ver o Ok Go no Brasil já era inadimissível.
"Mas, Renata... Você é boba? Se tava marcado em Porto Alegre, certeza que eles vinham para São Paulo né?"
Né o caramba! Weezer esteve no Brasil... em Curitiba, fim. White Stripes esteve no Brasil... em Manaus e tchau.

Ou seja, quando começou a vender em PoA e aqui nem confirmado estava, minhas amigas e eu saímos loucas para comprar... e vou te dizer que foi a melhor decisão das nossas vidas.

Cheguei depois do show de SP quase 4 da manhã em casa, dormi um nadica e acordei as 5 para rumar para o aeroporto.
Eramos 3 zumbis, quase morrendo... o avião não tinha nem decolado e eu já capotei.
Chegamos em PoA, aguardamos um bom tempo pelas nossas guias de lá. Tempo que se fez válido por causa da beleza natural no lugar (leia-se: cara loiro bonito). risos.

Fomos comer, demos uma volta e morrermos.
Primeiro, morremos de susto com a (falta) de qualidade do hotel, e depois morremos de sono mesmo.

Com a nossa barra de energia um pouco cheia, jantamos e fomos para o local do show.

Um quase nadica de fila, quasei achei que ia flopar... Ainda bem que depois encheu.
Encontramos mais amigues na fila e até uma que eu nem sabia que ía, lá do forum do Strokes (oi, natasha.rs).

O set list do show de lá foi quase igual ao de SP, não teve "It's tough to have a crush", mas teve "A million ways" duas vezes.
Duas vezes, Renata?
Eu explico... ou melhor, deixo as imagens falarem por mim...



Vídeo: A Million Ways - By @caroljojo

Não sou uma dessas garotas, mas sou a risada orgulhosa que você pode ouvir durante o vídeo.
Durante a primeira vez que eles tocaram a música, elas (minhas amigas) dançaram a coreografia do clipe, e assim que a música acabou... Damian parou tudo e perguntou se elas sabiam a coreografia inteira e se queriam dançar no palco enquanto eles tocavam.

BOOM!
Foda, muito foda.
Mais foda do que dança no palco, é a história por trás disso...
Essas três se conheceram e ficaram amigas por causa de Ok Go, não amigas oitudobemtchau... amigas de verdade, duas delas até são roomates. E justo as 3 subiram no palco! Foi lindo e MUITO engraçado.
Além disso eles viram nossas plaquinhas em referência ao vídeo tutorial de ping pong e ao whisky do Andy. Eles são únicos, de verdade.

No show de lá, o Damian parecia bem mais animado e agitado, mas infelizmente parte do público de lá não foi tão simpática quanto o público de SP. Claro, não estou falando do público todo... mas de uma grande parte dele,
Teve desde gente xingando a banda à idiota dessamarrando o tênis do Damian (esse último rendeu até um dedo do meio mostrado pelo Damian com gosto). Gritos de frases babacas durante o show, gente que não ficava quieta em "What to do"...
Mas acho que o ponto mais brochante é que 95% das pessoas que ficaram na grade não sabiam cantar NENHUMA música. Juro, tinha umas garotas (folgadas e mal educadas para caralho) na nossa frente e elas ficaram paradas o show todo e ainda falaram umas merdas para o Damian. Ou seja...

Tirando isso, foi tão foda quanto o show de São Paulo!
Ok Go é o show da minha vida sem sombra de dúvidas e olha, acho muito difícil que alguma banda tome esse posto tão cedo. Nunca senti uma depressão pós- show tão forte. O que eu mais queria era largar tudo e seguir a turnê deles.
Além de tudo, o show fez com que eu gostasse bem mais do novo cd e tem música deles que não consigo parar de ouvir agora.

Falando em novo cd...
Vocês já viram o novo clipe?
É sensacional!!
Além de fofinho, é também para ajudar cachorrinhos resgatados. Entrando no site do Ok Go, você pode baixar o vídeo em alta qualidade por valores ( de 2 a mil dolares) e o dinheiro será doado para uma instituição que resgata cães.



Boa banda, bons clipes, boas músicas, bons shows e bom coração... agora me explica como existe gente que não gosta de Ok Go?

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Os 4 Bons Motivos


O novo álbum do Weezer, Hurley, foi lançado na semana passada.
Então, depois de eu mesmo ter feito um post sobre minha completa falta de esperanças nesse CD, nada mais justo que escrever um post inteiro mostrando...

4 BONS MOTIVOS PARA GOSTAR DO NOVO ÁLBUM DO WEEZER!!


1º Motivo - Hurley

Vamos começar vendo que, depois de um monte de músicas falando como ser um arruaceiro, o maior homem que já viveu e um baladeiro malandro, nada exemplifica melhor um retorno à nerdisse que uma foto do Hurley, o personagem mais nerd do seriado (também nerd) Lost!
Sério, esqueça o chachorro pulando na capa do Raditude, ou o Rivers Cuomo bigodudo na capa do Red Album...
A capa de Hurley já nasceu clássica.


2º Motivo - Expectativa (ou melhor, a falta dela)

Acho que eu descobri o segredo para gostar de um álbum do Weezer.
Finalmente tudo faz sentido agora!
Vamos ver...

expectativas para o Maladroit: altas
resultado - fiasco

expectativas para o Make Belive: razoáveis
resultado - fraco

expectativas para o Red Album: altas
resultado - fraco

expectativas para o Raditude: altíssimas
resultado - fiasco

Então talvez o grande motivo para eu ter gostado tanto deste novo álbum seja... minha completa falta de expectativas!!
Na possibilidade de encontrar um novo fiasco, fui surpreendido da melhor maneira possível por um álbum muito superior a qualquer um lançado pela banda nos últimos 8 anos!
Aliás, vale dizer que a expectativa para cada álbum talvez esteja diretamente relacionada ao primeiro single lançado... mas isso daria um post inteiro, e não vou enrolar demais por aqui.


3º Motivo - O equilíbrio

O grande motivo para o Hurley ser o melhor álbum do Weezer lançado nos últimos 8 anos é que, sem dúvida nenhuma, ele é a melhor coleção de músicas criada pela banda desde o Green Album. Sem exagero. Enquanto que os últimos álbuns começavam bem e se tornavam chatíssimos no final (em grande parte pelo fato do Rivers ceder seu lugar como vocalista e compositor para o resto da banda), o resultado neste é extremamente equilibrado.
Não tem nenhuma música tão legal quanto a insanamente boa "(If You're Wondering If I Want You to) I Want You to", ou "Pork and Beans"... mas, em compensação, não tem nada tão ruim quanto "Cold Dark World", "In The Mall" ou o crime-musical chamado "Love Is the Answer".


4º Motivo - As músicas

Finalmente, chegamos ao principal motivo.
Mais que a nerdisse, mais que a falta de expectativa e mais que o equilíbrio, é nas músicas que está o real motivo de eu ter gostado tanto deste álbum!

O refrão-cliclete característico surge na terceira audição do primeiro single do álbum, "Memories", que fala sobre como era a vida numa banda de rock nos anos 90 (quando o Audioslave ainda era o Rage Against The Machine, como diz a própria letra).
"Ruling Me" parece uma música saída do Green Album. Deixa no ar a pergunta: por que a banda parou de fazer músicas assim, tão simples quanto boas?
A veia pop da banda aparece em "Trainwrecks", uma das letras mais bacanas do CD.
"Unspoken" traz de volta o tom confessional que o Rivers pareceu ter abandonado desde o Pinkerton.
"Where’s My Sex?" é bem estranha numa primeira audição, com a letra fazendo um trocadilho entre as palavras "sex" e "socks" (meias), o que segundo a Renatinha foi feito em homenagem à filha de 3 anos do Rivers, que um dia foi perguntar onde estavam suas meias e acabou dizendo o que se tornou o título da música.
"Run Away" lembra muito um lado-B da banda, como "I Do", por exemplo.
A energia prometida pela banda transborda em "Hang On", música que conta com a participação do Michael Cera e que eu já considero um novo clássico da banda.
"Smart Girls" tem uma letra estupidamente simples e bobinha, sobre como o mundo está cheio de garotas inteligentes e sobre como o Rivers casaria com todas elas, um provável eco dos tempos de Harvard do vocalista. Ainda assim, a música é tão bacana que compensa a letra. Ah, e só pra comentar, a parte em que ele cita os nomes das garotas me remeteu à "Tired of Sex" do Pinkerton.
"Brave New World" é um rock direto, que mostra bem o que o Weezer tentou fazer no final do Red Album, mas... bem, do jeito certo! Finalmente!
E o disco fecha com "Time Flies", uma música diferente de qualquer coisa que o Weezer já tenha feito, composta em parceria com o lendário Mac Davis. A letra é um atestado do passar do tempo. Em determinado verso, Rivers canta que ele nunca morrerá, pois essa "stupid damn song" ainda estará na sua cabeça. Impossível um fã não lembrar que, há 16 anos, Rivers cantava sobre como criava suas "stupid songs" em uma garagem, e sobre como amava cada uma delas. Um final digno.

Vale dizer que finalmente o Weezer se deu conta de que o bônus da versão deluxe NÃO PODE ter músicas melhores que as do CD oficial, como aconteceu com os últimos CDs.
Para essa edição de Hurley, apenas a bobinha e divertida "All My Friends Are Insects", uma versão ao vivo de "Viva La Vida" (do Coldplay), uma música chamada "I Want To Be Something" contando só com o vocal e um violão, e a já lançada "Represent" (criada em homenagem à seleção americana de futebol na época da Copa).
Nada indispensável, mas ainda assim um complemento bacana.


O Weezer voltou a criar letras intimistas
Voltou também a criar belas e complexas melodias.
Voltou ao básico, ao invés de tentar ser o que não é.
Todas as músicas de Hurley, se não são perfeitas, ao menos são todas interessantes... o que já é um tremendo avanço comparado aos últimos álbuns.
O Weezer de agora conseguiu recuperar um pouco da espontaniedade dos primeiros discos, perdida na metodologia nada menos que científica do Rivers em compor música.

Na minha opinião, o Weezer voltou à boa forma.

Pelo menos até o próximo álbum.

E agora?
Quanto tempo será que tenho para diminuir minhas expectativas...?

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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

It's tough to have a crush - Parte 1

Enquanto o Brancatelli estava procurando o sentido das coisas, eu estava tendo o fim-de-semana mais absurdamente fantástico da minha vida.

Vocês já leram aqui nesse blog meu texto sobre o Ok Go, certo? Vocês, como pessoas bem informadas que devem ser, sabiam que o Ok Go veio para o Brasil. 2 shows: SP e PoA.
Eu estive lá. Nos 2. E foi a melhor decisão da minha vida.


Foram dias e dias de preparação: compra de ingressos, reserva de hotel, passagem de avião... mas finalmente, pós uma apresentação no flopado VMB, eu iria estar cara à cara com o Ok Go.
Eu nunca fui atrás de ver como a banda era ao vivo, acho que eles são tão legais, que sempre presumi que eles seriam legais no palco também... mas eu estava errada, eu ainda ia descobrir que eles não são legais no palco...
São MUITO mais do que isso.

Eu vou TENTAR colocar em palavras o quantos os shows foram incríveis, mas já adianto que provavelmente irei falhar.


Sexta-feira. São Paulo. Estúdio Emme.
Entramos por volta das 23hrs, mas o show começou quase a 1h. A banda tem muitos instrumentos e todos são afinados por eles mesmos, então vinha o roadie, pegava uma guitarra, levava no camarim, eles afinavam e o roadie trazia de volta. Multiplique isso por umas...16 guitarras que tem no palco e você entenderá o motivo da demora.
A questão é que, quando começou aquela música que anuncia a entrada da banda, nada mais importava.

Eles entraram... Andy com seu copo de whisky brindando com a platéia, Dan com um sorriso, Damian sorrindo com jeito de rock star e Tim todo simpático.
O setlist já começou anunciando que ia chutar bundas... "Invincible".
Eu não podia acreditar naquilo... era o Ok Go, sempre achei que a chances de vê-los no Brasil seria zero. E lá estava eu, com uma distância minuscula do palco, cantando Invincible.
Depois veio uma música do novo cd que eu não conhecia, "Needing/Getting". Mesmo não conhecendo, lá estava eu... embasbacada, com o show e com, não posso deixar de mencionar... a beleza absurda do vocalista, Damian Kulash. Ok, eu já sabia que ele era bonito... mas preciso dizer, ele ao vivo... nossa.
Depois dessa música, veio "A Million Ways"... sério... não tinha como ficar parado ou se esguelar naquele show. Depois, "All Is Not Lost"... e quanto mais eles tocam músicas do cd novo que eu nem gostava, mais eu gosto delas... ao vivo elas funcionam tãããão bem, sensacional.

Não vou falar todas as músicas, mas eles acertaram a mão totalmente. Não faltaram as músicas fodas dos cds anteriores e colocaram músicas legais do novo... setlist impecável.
Aliás... falando em setlist...


Sim, esse é um setlist na folha com marca d'agua do Ok Go e... ah, é... autografada pelo Dan, baterista da banda.

Mas esse setlist teve uma pequena modificação, não me pergunta entre extamente quais músicas porque eu estava em choque quando isso aconteceu...
Eu e minhas amigas temos uma paixão absurda por uma música que é b-side láááá do começo do Ok Go, antes mesmo do Andy entrar na banda.
Essa música se chama "It's tough to have a crush".
Nos dias antes do show, brincamos dizendo que pediriamos para eles tocarem... no esquenta para o show acabamos escrevendo na parte de trás de provas de espanhol plaquinhas pedindo a música.

Em um certo momento, quando eu já achei que acabariamos nem pedindo nada, o Damian abaxou para arrumar algo e minha amiga Jojo o chamou e começou a mostrar as plaquinhas.
Ele começou a ler e brincou dizendo que eles não costumam aceitar pedidos, porque os fãs são "puppets masters" e que fazia tanto tempo que eles não tocavam essa, que ele nem lembrava. Algumas pessoas aproveitaram o momento e começaram a pedir "Ccc-cinnamon lips".
Nisso o Damian começou a dizer que como estava no Brasil, ia abrir uma exceção para pedidos de músicas e perguntou para o Tim se ele lembrava como tocar, mesmo com a negativa dele, o Damian disse: "Eu toco e você canta" e foi pegar o violão.
Eu estava crente que eles iam tocar Cinnamon, porque muita gente estava pedindo... quando ele começou a tocar It's tough... eu juro que não podia acreditar... eu quase chorei de verdade e mesmo com ele se enrolando com algumas palavras... foi incrível. Eu não conseguia parar de gritar "Thank you" depois do fim da música.

Minha mão, meu ingresso e parte das plaquinhas.

A interação com a banda era ótima, Damian presta muita atenção em tudo que acontecia e interagia de forma absurda com o público.
Ele falou em português, se chamando de gringo idiota e tudo mais, pediu interação em certas músicas e desceu no meio do público mais de uma vez.
Sim, eu berrei o trecho de "This too shall pass" que flopu no VMB a plenos pulmões com o Damian do meu lado. Foi surreal.

Destaque também para quando eles cantaram "What to do" com os sinos. Foi lindo, muito lindo.
Ok Go não tem aqueles palcos milionários, mas eles conseguem transformar a experiência do show deles em algo tão absurdo, eles foram de longe a banda mais genial que vi ao vivo. Sim... de todas. TODAS.
Outra coisa bacana foi que eles trouxeram elementos do passado, foi bacana. Eles nunca estiveram no Brasil e lembraram disso na hora de montar o show.

Quando eles voltam para o bis, eles estão com suas jaquetas com led. Eles se posicionam e elas formam o nome da banda e depois durante as músicas, ficam aparendo carinhas nas luzes.

Em "Here it goes again" Damian chamou uma menina que ele acreditava estar empolgada com o show no placo para tocar a guitarra dele durante um trecho da música, mas o que ele não sabia era que ela era uma bêbada que estava atrás da gente e parecia nem saber direito quem a banda era e só sabia dizer "me pega, me beija" para ele.
Bom, ela levou a idéia do beijo a sério e tentou beijar ele na boca. "Noção, não trabalhamos.". Damian afastou ela e tentou fazê-la tocar a guitarra, ela nem queria saber de nada. Por fim, ele abraçou e deu um beijo na bochecha dela e chamou alguém que foi capaz de tocar e aí sim foi bem legal.
A atitude dessa garota mostra que ela não é fã de Ok Go, desculpa. Um comportamento totalmente oposto a postura da banda.
Sim, o Damian é lindo e tudo mais, mas no show não é isso que deve contar.
Mas fora essa pessoa, o público estava beeeem legal.
Não tinha grades, mas ninguém se empurrava, as pessoas sabiam cantar muitas da músicas, as pessoas interagiram com ele e tiveram tanta preseça de espirito quanto a banda. Foi bonito de ver.

Depois do show, nós estavamos esgotadas. Não sentia minhas pernas, estava suada e só conseguia pensar que há algumas horas eu teria que acordar para pegar o avião para PoA.
Ficamos um tempo para conseguirmos os sets e ver se a banda dava as caras.
Quando a gente olha pro palco e... PQP!
Era o Dan!
E todo mundo que estava ali, tava nem vendo... como assim? Era o Dan!
Famos até lá, a Jojo pediu uma baqueta e a Chris uma foto.
Ele entregou o setlist grudado na bateria dele para a Jojo e disse que já voltava para a foto.
Ficamos esperando um tempo, sem saber se ele voltaria.
Quando ele voltou todo fofo.
A Chris ajudou ele a descer do palco e ficamos conversando com ele.
Ele é AWESOME, como definiu bem a Chris.
Sério... falamos o quanto estavamos contentes e que esperamos muito tempo por aquele show, ele disse que eles também e que estava sendo ótimo tocar no Brasil.
Contamos que iamos no show de PoA e ele ficou super contente.
Tiramos fotos com ele e pegamos os autógrafos.

Agora, se você tem alguma dúvida do quanto eu estava feliz, pasma, louca, etc. com esse show e essa situação, é só notar minha cara de maníaca na foto com ele.

Nem olhar para foto eu consegui! haha Eu olhava para as meninas muito "pqpqpqpqpqpq, eu to com o Dan!".

Eu com certeza deixei de contar algo, sinto muito. Mas é que foi um show tão cheio de detalhes, que não tem como colocar tudo no papel/blog.

E ainda tinha muita coisa pela frente, mas a gente não fazia idéia...

Semana que vem, a parte 2 do texto vai contar como foi em PoA.